quarta-feira, 1 de novembro de 2017

EM TRILHAS NÃO HÁ PORTAS


Quantas são as vezes que nos sentimos tentados a sair do caminho e procurar trilhas? A tentação de chegar mais rápido é uma constante em nossa caminhada.

Para que a demora se posso encurtar o caminho? Por que tanto suor se posso caminhar pela sombra e chegar ao destino igual aos demais?

Buscamos encurtar o que para nós é enfadonho e a prolongar o que nos é prazeroso. Será que busco trilhas por ser incapaz de esperar, por fuga dos obstáculos ou simplesmente por aventura?

Pacientemente, a mãe espera nove meses para ver o rosto de seu bebê e acariciá-lo; da mesma forma, pacientemente, o agricultor espera a planta germinar para poder colher o fruto.

Trilhas parecem mais fáceis porque aparentam levar ao mesmo destino sob a lei do menor esforço, porém, nos esquecemos de que trilhas são caminhos não oficiais.

Numa prova olímpica, o corredor não pode ignorar os obstáculos e correr pela lateral. Este deve ir pelo caminho oficial da prova, de modo contrário, mesmo que chegue primeiro, será invalidada sua vitória e o único prêmio será
a desclassificação e a vergonha.

Por que aventurar-se por caminhos desconhecidos quando o Caminho Verdadeiro já nos foi apresentado? “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Mesmo que muitos saibam desta realidade, insistem em seguir por trilhas na esperança de burlar e chegar à frente dos demais. Chegarão ao mesmo lugar com a mesma vitalidade? Alcançarão fazer o trajeto sem um mapa que os guie?

O desejo de explorar outros lugares é próprio das ovelhas que, sedentas por caminhos novos e de comerem grama fresca, encaram perigos e fadigas podendo perder-se pelas trilhas que ela mesma traçou. E quando está perdida? Qual sua atitude? Gritar pelo pastor.

Uma ovelha perdida grita pelo pastor para que este a escute e a socorra. Seu grito expressa desespero e confiança no pastor, que ouvindo- a, possa socorrê-la. “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10,11). O Senhor, Bom Pastor, apresenta-se como “a porta das ovelhas” (Jo 10,7). Ao passar por Ele, conseguiremos abrigo seguro. Além de caminho, Cristo é a porta. Em trilhas não há portas.

A atitude esperada por quem nos visita é que, ao bater, abramos a porta para que entre. Que abramos a porta e não as janelas! Ninguém entra em uma casa pela janela “a não ser o ladrão e assaltante que vem para roubar, matar e destruir” (Jo 10,10).

Abrimos a porta de nossa casa somente para quem amamos ou queremos que entrem. De modo contrário, atenderemos a pessoa do lado de fora. O ato de bater à porta é próprio de quem decidiu colocar-se a caminho e partir. “Aquele que abre a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 20), ou seja, cearemos com o Senhor à medida que tenhamos abertura interna (coração) expressa pela abertura externa de nossa morada (porta) assim como Marta e Maria.

Em trilhas não há portas para serem abertas porque trilhas são caminhos alternativos. Não há portas porque não há dono. Não há portas porque não há casas. Casas são lugares de acolhida! Para se chegar a elas é preciso sair e colocarmo-nos a caminho e caminhos são meios para chegarmos a algum lugar. “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (Jo 14, 6).

Caminho... Jesus é o Caminho Verdadeiro e seguro para chegarmos ao Pai, lugar por excelência, casa segura.

Se Ele é o Caminho a seguir, é também a porta de entrada por onde devemos passar. Se fosse trilha não haveria porta. Jesus é a porta, o caminho e o Guia para o Pai. Não há outro.

Portanto, entremos pela porta e não pela janela.

Frei Rhuam Ferreira Rodrigues de Almeida (OAR)

Teologado Santa Mônica (São Paulo-SP)


Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Novembro de 2017
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquiahttp://www.pnslourdes.com.br