Quantas são as vezes que nos sentimos
tentados a sair do caminho e procurar trilhas? A tentação de chegar mais rápido
é uma constante em nossa caminhada.
Para que a demora se posso encurtar o
caminho? Por que tanto suor se posso caminhar pela sombra e chegar ao destino
igual aos demais?
Buscamos encurtar o que para nós é enfadonho
e a prolongar o que nos é prazeroso. Será que busco trilhas por ser incapaz de
esperar, por fuga dos obstáculos ou simplesmente por aventura?
Pacientemente, a mãe espera nove meses para
ver o rosto de seu bebê e acariciá-lo; da mesma forma, pacientemente, o
agricultor espera a planta germinar para poder colher o fruto.
Trilhas parecem mais fáceis porque aparentam
levar ao mesmo destino sob a lei do menor esforço, porém, nos esquecemos de que
trilhas são caminhos não oficiais.
Numa prova olímpica, o corredor não pode
ignorar os obstáculos e correr pela lateral. Este deve ir pelo caminho oficial
da prova, de modo contrário, mesmo que chegue primeiro, será invalidada sua
vitória e o único prêmio será
a desclassificação e a vergonha.
Por que aventurar-se por caminhos
desconhecidos quando o Caminho Verdadeiro já nos foi apresentado? “Eu sou o
Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Mesmo que muitos saibam desta
realidade, insistem em seguir por trilhas na esperança de burlar e chegar à
frente dos demais. Chegarão ao mesmo lugar com a mesma vitalidade? Alcançarão
fazer o trajeto sem um mapa que os guie?
O desejo de explorar outros lugares é próprio
das ovelhas que, sedentas por caminhos novos e de comerem grama fresca, encaram
perigos e fadigas podendo perder-se pelas trilhas que ela mesma traçou. E
quando está perdida? Qual sua atitude? Gritar pelo pastor.
Uma ovelha perdida grita pelo pastor para que
este a escute e a socorra. Seu grito expressa desespero e confiança no pastor,
que ouvindo- a, possa socorrê-la. “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida
pelas suas ovelhas” (Jo 10,11). O Senhor, Bom Pastor, apresenta-se como “a
porta das ovelhas” (Jo 10,7). Ao passar por Ele, conseguiremos abrigo seguro.
Além de caminho, Cristo é a porta. Em trilhas não há portas.
A atitude esperada por quem nos visita é que,
ao bater, abramos a porta para que entre. Que abramos a porta e não as janelas!
Ninguém entra em uma casa pela janela “a não ser o ladrão e assaltante que vem
para roubar, matar e destruir” (Jo 10,10).
Abrimos a porta de nossa casa somente para
quem amamos ou queremos que entrem. De modo contrário, atenderemos a pessoa do
lado de fora. O ato de bater à porta é próprio de quem decidiu colocar-se a
caminho e partir. “Aquele que abre a porta, entrarei em sua casa e cearei com
ele e ele comigo” (Ap 3, 20), ou seja, cearemos com o Senhor à medida que
tenhamos abertura interna (coração) expressa pela abertura externa de nossa
morada (porta) assim como Marta e Maria.
Em trilhas não há portas para serem abertas
porque trilhas são caminhos alternativos. Não há portas porque não há dono. Não
há portas porque não há casas. Casas são lugares de acolhida! Para se chegar a
elas é preciso sair e colocarmo-nos a caminho e caminhos são meios para
chegarmos a algum lugar. “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (Jo 14, 6).
Caminho... Jesus é o Caminho Verdadeiro e
seguro para chegarmos ao Pai, lugar por excelência, casa segura.
Se Ele é o Caminho a seguir, é também a porta
de entrada por onde devemos passar. Se fosse trilha não haveria porta. Jesus é
a porta, o caminho e o Guia para o Pai. Não há outro.
Portanto, entremos pela porta e não pela
janela.
Frei Rhuam Ferreira
Rodrigues de Almeida (OAR)
Teologado Santa
Mônica (São Paulo-SP)
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Novembro de 2017
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br