O Natal de Jesus é uma grande festa também de cada família, pois
naquele Nascimento divino se formava a Sagrada Família de Nazaré. A Igreja
ensina que o “os filhos são o dom mais excelente do matrimônio” (CIC,§ 2378).
Sobretudo esta alegria é insuperável quando nasce como homem o próprio Deus.
Por isso, toda família cristã precisa celebrar com júbilo o
Natal do nosso divino Redentor e Salvador. Naquela criança pobre, humilde,
desprovida de toda honra e glórias humanas, estava o Rei do Universo, o Senhor
dos Senhores.
Ele quis nascer e viver trinta anos numa família para nos
mostrar que nada é mais importante para a humanidade do que esta instituição
divina, hoje tão ameaçada. Ali naquela pobre casinha de Nazaré Ele cresceu,
aprendeu a ler as Escrituras que falavam Dele, foi obediente a Seus pais que
Ele mesmo criou; trabalhou com mãos humanas na carpintaria de São José e
abençoou todo tipo de trabalho honesto; e manteve o Lar sagrado após a morte do
Seu pai adotivo.
O Nascimento de Jesus tem tudo a ver com a família; “o Senhor
quis entrar em nossa história pela família”, disse um dia o Papa São João
Paulo II. Então, cada família deve se preparar com zelo e carinho na celebração
do Natal e vive-lo com devoção.
Antes de tudo é preciso focar as atenções no grande
Aniversariante. Ele veio para nos salvar. Que Ele não seja esquecido, renegado,
escondido. “Ele é Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1,19).
Como disse o salmista, é preciso dizer: “Que céus e terra glorifiquem o Senhor
com o mar e todo ser que neles vive!” (Sl 68,35); porque “Seu Nome é admirável
Conselheiro, Deus forte, Pai do século futuro e Príncipe da paz será chamado”
(Is 9,6).
Toda a alegria da família deve estar lastreada no júbilo que
brota em nossos corações por saber que agora temos um Irmão divino, que nos
ama, que nos acompanha, e que vive em nossa alma. Deus se fez homem, veio armar
a Sua tenda entre nós. Ele é o Emanuel, o Deus conosco, que, ressuscitado caminha
conosco para que não tenhamos medo das lutas da vida. Ele não se orgulhou de
ser Deus, se fez pequeno, se fez criança; como disse São Paulo se fez pobre
para nos enriquecer com suas graças.
Cada família cristã precisa armar o Presépio, e contemplar diante
dele as grandezas desse Menino que deixou a glória celeste para nos socorrer em
nossas misérias.
Contemplando também os personagens do Presépio, podemos meditar
profundamente nas lições do Natal, e preparar a alma para construir nela o
verdadeiro presépio; a melhor manjedoura no coração para receber o Rei dos
reis.
José e Maria, os pais do Menino Deus encarnado feito homem que
quis ter uma família humana. Aí vemos toda a importância do pai, da mãe e da
família; é uma consagração do quarto mandamento. A família é sagrada; e a mais
sagrada é a família de Nazaré. O Presépio nos ensina a beleza e a importância
da família. Em José e Maria vemos também o exemplo daqueles que vivem conforme
a exata vontade de Deus: dóceis, meigos, disponíveis a Deus de maneira
absoluta; simples, puros, santos.
Ali estão
os Anjos – anunciaram com júbilo aos pastores o nascimento do Menino Deus:
“Glória a Deu nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Os Anjos
acompanharam Jesus em toda a sua vida, da manjedoura á Ascensão ao céu.
Ali está aquele pequeno burrinho – era o humilde animal dos
pobres e humildes do povo que aguardavam o Messias, que viria para salvar o
povo. Foi nele que Jesus entrou em Jerusalém para consumar a Sua obra e viver a
Sua paixão. No Presépio ele representa a criação dócil de Deus que acolhe o seu
Deus e lhe presta o devido culto de serviço e de louvor.
O boi também está ali – era o animal sacrificado nos holocaustos
dos judeus, no Templo, em oferenda pelos pecados do povo. Jesus, com o Seu Sacrifício
na cruz, levou à plenitude os sacrifícios da Antiga Aliança, que era celebrada
no sangue dos novilhos. O boi no Presépio acolhe a Grande Vítima que será um
dia imolada no Calvário, no seu lugar, pelo pecado do mundo.
A ovelha – dócil animal que representa o Cordeiro que os judeus
sacrificavam diariamente no chamado “holocausto perpétuo”, ao cair da tarde,
para a purificação dos pecados do povo judeu. É uma imagem de Jesus, que como
disse Isaias, foi conduzido ao Calvário como uma ovelha muda, sem resistir, sem
blasfemar, sem se arrepender de fazer a vontade de Deus.
Ali estão também os pobres pastores de Belém – são os
representantes humildes do povo judeu, para quem Jesus veio em primeiro lugar.
Os céus se lhes abriram e eram viram os Anjos cantando o Glória a Deus. São
eles as testemunhas de que Deus cumpriu para com o povo judeu a Promessa de
enviar o Redentor, anunciada pelos profetas.
Os reis Magos chegaram também – são os representantes dos
gentios; daqueles que não eram judeus; muitos deles já conheciam o Deus de
Israel e lhes prestavam culto. Os Magos no Presépio indicam que Jesus veio não
só para os judeus (representados nos pastores), mas para todos os povos do
mundo. Eles oferecem ao Menino Deus, o incenso; ao Menino Rei, o ouro; ao
Menino Cordeiro, a mirra do sepulcro. É a representação de todos os povos que
veem adorar “Aquele que vem em Nome do Senhor”.
É ai, diante do Presépio que os pais podem aprender a amar como
José e Maria; e os filhos podem aprender com o Deus Menino a beleza da obediência
aos pais, e a virtude do trabalho. É diante do Presépio que a família deve
rezar o Terço meditando cada mistério da vida de Jesus, desde o Anuncio do Anjo
a Maria até a consumação de Sua glória.
Que cada presente dado aos filhos seja a expressão da alegria do
nascimento do nosso Redentor. Que a ceia do Natal seja a expressão da
confraternização da família que se modela no exemplo da Sagrada Família. Que o
desejo de “um feliz Natal”, seja também um compromisso de amar cada pessoa da
família, suportando os defeitos de cada um, se comprometendo a ajudá-los nas
suas dificuldades.
Enfim, que a celebração do Natal em cada lar seja o advento, a
chegada, Daquele que é o Príncipe da Paz, e que vem trazer a paz à família,
neste mundo de tantas aflições e tribulações.
Prof. Felipe Aquino
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Dezembro de 2018
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
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