TDA/H: Um transtorno com déficit de
diagnóstico
Mais um ano letivo se inicia
e com ele alimentamos a expectativa de obter um bom desempenho escolar durante
o ano.
Deste modo, quando as
dificuldades de aprendizagem surgem torna-se necessário intervir
imediatamente, para evitar que as questões escolares causem sofrimento à
família e, principalmente, ao aluno.
Dentro desse contexto, um tema polêmico que afeta a
aprendizagem e vem sendo “batizado” como “doença da moda” é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, popularmente conhecido pela sigla TDA/H ou simplesmente
hiperatividade.
Um
levantamento feito pela Unifesp aponta que 36% dos encaminhamentos por TDA/H
recebidos no setor de atendimento neuropsicológico infantil daquela instituição
vieram de escolas, através de cartas enviadas aos pais, solicitando tratamento
para o filho: Na grande maioria dos casos o transtorno não se confirma.
Isso ocorre
pela falta de informação de alguns profissionais sobre o assunto o que
colabora para a transformação do TDA/H em “doença da moda”.
O TDA/H é
um tema que gera bastante discussão e controvérsia entre pais, profissionais de
saúde e educadores já que sua causa não é plenamente conhecida
pela ciência. Mas, mesmo com grandes lacunas a serem preenchidas o TDA/H foi incluído no Manual Diagnóstico e
Estatístico (DSM). Este manual, adotado no Brasil, classifica o TDA/H em três subtipos que podem
ocorrer com ou sem a hiperatividade. São eles:
- Tipo Predominantemente Desatento
- Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
- Tipo Combinado.
Porém, não
há um sistema classificatório único para
o TDA/H e,
sendo assim, o DSM não é aceito por toda a comunidade cientifica. Nos Estados
Unidos, por exemplo, o TDA/H possui seis subtipos e a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de
classificação em oposição ao DSM que prioriza as razões psicossociais e
culturais subjacentes aos indícios e não as farmacológicas que, para os
franceses, "dissimulam" os sintomas.
A falta de um sistema classificatório único para o TDA/H também coopera
para fomentar as dúvidas que permeiam a doença. Paralelamente a isso, ainda
não existem testes de imagem ou testes
neuropsicológicos específicos para esse transtorno, deste modo, o
diagnóstico do TDA/H ainda é feito baseado apenas no quadro clínico-comportamental
utilizando os critérios definidos pelo DSM,
tornando o diagnóstico sujeito a julgamentos subjetivos.
Por
enquanto, os testes de imagem estão restritos a pesquisas e os testes
neuropsicológicos são utilizados para avaliar as funções cognitivas e
executivas com o intuito de obter informações sobre as condições ocupacionais
ou mentais de qualquer pessoa que tenha sofrido alguma doença ou acometimento
cerebral, ou seja, não há um teste neuropsicológico específico e exclusivo para
o TDA/H.
Portanto, é
importante frisar que a presença dos sintomas do TDA/H não são o único
pré-requisito para emitir-se o diagnóstico da doença. O diagnóstico do TDA/H
deve ser feito por profissionais habilitados e qualificados, já que os sintomas
presentes no TDA/H também são notados em outras patologias. É comum a
associação do TDA/H com outros distúrbios mentais como, por exemplo, Transtorno
Opositor-Desafiador, Transtorno de Conduta, Transtornos do Humor, Transtorno de
Ansiedade ou com distúrbios do desenvolvimento como Deficiência Mental,
Transtorno de Aprendizagem Escolar e Distúrbio do Desenvolvimento da
Coordenação.
A emissão de diagnósticos de TDA/H realizados
por profissionais não médicos ou por apenas um profissional da área de saúde
sem o parecer de uma equipe multidisciplinar tem causado muita preocupação aos
órgãos competentes que tem chamado atenção para esta seria questão.
Deste modo,
vale frisar que o diagnóstico do TDA/H é multidisciplinar, ou
seja, deve ser feito por mais de um profissional capacitado como, por exemplo,
o neurologista em conjunto com psicopedagogos, neuropsicólogos e etc. O profissional da área médica deve realizar, com
profissionais das áreas multidisciplinares, avaliações de atenção, percepção,
linguagem, coordenação, memória e ao longo do processo devem ser analisadas
informações provenientes de entrevistas obtidas com o próprio individuo
avaliado, familiares e professores.
O
diagnóstico do TDA/H não é fácil e oferece dificuldades maiores quando se
refere aos lactentes e pré-escolares. Os estudos das neurociências
sobre o TDA/H em combinação com os rápidos progressos tecnológicos, prometem
progressos futuros para a compreensão desse transtorno, mas até lá procure
certificar-se de que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar,
pois, este é o modo mais seguro de buscar um diagnóstico sobre o TDA/H.
Vanusa
do Reis Coêlho Rodrigues
Vanusa Coêlho é
graduada em Ciências Contábeis e Letras/Inglês. Possui Mestrado em Psicologia
da Educação (PUC/SP); MBA em Recursos Humanos (FGV). É Especialista em Educação
Lúdica, Neuroaprendizagem e em Psicopedagogia Clínica e institucional (PUC/SP).
É Personal Coach e Practitioner em Programação
Neurolinguística. Possui Certificação em Mediação PEI e Curso de
aperfeiçoamento em TDA/TDAH (EPSIBA/Buenos Aires).
Jornal Online “A Voz de Lourdes” - Fevereiro 2014
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br