sábado, 1 de fevereiro de 2014

COTIDIANO: TDA/H

TDA/H: Um transtorno com déficit de diagnóstico

Mais um ano letivo se inicia e com ele alimentamos a expectativa de obter um bom desempenho escolar durante o ano.

Deste modo, quando as dificuldades de aprendizagem surgem torna-se necessário intervir imediatamente, para evitar que as questões escolares causem sofrimento à família e, principalmente, ao aluno.

Dentro desse contexto, um tema polêmico que afeta a aprendizagem e vem sendo “batizado” como “doença da moda” é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, popularmente conhecido pela sigla TDA/H ou simplesmente hiperatividade.

Um levantamento feito pela Unifesp aponta que 36% dos encaminhamentos por TDA/H recebidos no setor de atendimento neuropsicológico infantil daquela instituição vieram de escolas, através de cartas enviadas aos pais, solicitando tratamento para o filho: Na grande maioria dos casos o transtorno não se confirma.

Isso ocorre pela falta de informação de alguns profissionais sobre o assunto o que colabora para a transformação do TDA/H em “doença da moda”.

O TDA/H é um tema que gera bastante discussão e controvérsia entre pais, profissionais de saúde e educadores já que sua causa não é plenamente conhecida pela ciência. Mas, mesmo com grandes lacunas a serem preenchidas o TDA/H foi incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM). Este manual, adotado no Brasil, classifica o TDA/H em três subtipos que podem ocorrer com ou sem a hiperatividade. São eles:
  • Tipo Predominantemente Desatento
  • Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
  • Tipo Combinado.

Porém, não há um  sistema classificatório único para o TDA/H e, sendo assim, o DSM não é aceito por toda a comunidade cientifica. Nos Estados Unidos, por exemplo, o TDA/H possui seis subtipos e a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação em oposição ao DSM que prioriza as razões psicossociais e culturais subjacentes aos indícios e não as farmacológicas que, para os franceses, "dissimulam" os sintomas.

A falta de um sistema classificatório único para o TDA/H também coopera para fomentar as dúvidas que permeiam a doença. Paralelamente a isso, ainda não existem testes de imagem ou testes neuropsicológicos específicos para esse transtorno, deste modo, o diagnóstico do TDA/H ainda é feito baseado apenas no quadro clínico-comportamental utilizando os critérios definidos pelo DSM, tornando o diagnóstico sujeito a julgamentos subjetivos.

Por enquanto, os testes de imagem estão restritos a pesquisas e os testes neuropsicológicos são utilizados para avaliar as funções cognitivas e executivas com o intuito de obter informações sobre as condições ocupacionais ou mentais de qualquer pessoa que tenha sofrido alguma doença ou acometimento cerebral, ou seja, não há um teste neuropsicológico específico e exclusivo para o TDA/H.

Portanto, é importante frisar que a presença dos sintomas do TDA/H não são o único pré-requisito para emitir-se o diagnóstico da doença. O diagnóstico do TDA/H deve ser feito por profissionais habilitados e qualificados, já que os sintomas presentes no TDA/H também são notados em outras patologias. É comum a associação do TDA/H com outros distúrbios mentais como, por exemplo, Transtorno Opositor-Desafiador, Transtorno de Conduta, Transtornos do Humor, Transtorno de Ansiedade ou com distúrbios do desenvolvimento como Deficiência Mental, Transtorno de Aprendizagem Escolar e Distúrbio do Desenvolvimento da Coordenação.

A  emissão de diagnósticos de TDA/H realizados por profissionais não médicos ou por apenas um profissional da área de saúde sem o parecer de uma equipe multidisciplinar tem causado muita preocupação aos órgãos competentes que tem chamado atenção para esta seria questão.

Deste modo, vale frisar que o diagnóstico do TDA/H é multidisciplinar, ou seja, deve ser feito por mais de um profissional capacitado como, por exemplo, o neurologista em conjunto com psicopedagogos, neuropsicólogos e etc. O profissional da área médica deve realizar, com profissionais das áreas multidisciplinares, avaliações de atenção, percepção, linguagem, coordenação, memória e ao longo do processo devem ser analisadas informações provenientes de entrevistas obtidas com o próprio individuo avaliado, familiares e professores.

O diagnóstico do TDA/H não é fácil e oferece dificuldades maiores quando se refere aos lactentes e pré-escolares. Os estudos das neurociências sobre o TDA/H em combinação com os rápidos progressos tecnológicos, prometem progressos futuros para a compreensão desse transtorno, mas até lá procure certificar-se de que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar, pois, este é o modo mais seguro de buscar um diagnóstico sobre o TDA/H.

Vanusa do Reis Coêlho Rodrigues


Vanusa Coêlho é graduada em Ciências Contábeis e Letras/Inglês. Possui Mestrado em Psicologia da Educação (PUC/SP); MBA em Recursos Humanos (FGV). É Especialista em Educação Lúdica, Neuroaprendizagem e em Psicopedagogia Clínica e institucional (PUC/SP). É Personal Coach e Practitioner em Programação Neurolinguística. Possui Certificação em Mediação PEI e Curso de aperfeiçoamento em TDA/TDAH (EPSIBA/Buenos Aires).


Jornal Online “A Voz de Lourdes” - Fevereiro 2014
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br