LAUDATO SI (SOBRE O CUIDADO DA
CASA COMUM)
Que tipo de mundo queremos
deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?” Esta é a
questão principal de Laudato si’, a aguardada Encíclica ecológica do Papa
Francisco sobre o “cuidado com a casa comum”, lançada oficialmente na manhã do
dia 18, no Vaticano.
O nome foi inspirado na
invocação de São Francisco de Assis “Louvado sejas, meu Senhor”, que no Cântico
das Criaturas recorda que a terra “se pode comparar ora a uma irmã, com quem
partilhamos a existência, ora a uma mãe, que nos acolhe nos seus braços”.
Agora, esta terra maltratada e saqueada se lamenta e os seus gemidos se unem
aos de todos os abandonados do mundo.
No decorrer de seis capítulos,
o Papa convida a ouvir esses gemidos, exortando todos a uma “conversão
ecológica”, a “mudar de rumo”, assumindo a responsabilidade de um compromisso
para o “cuidado da casa comum”.
O Pontífice se dirige
certamente aos católicos, aos cristãos de outras confissões, mas não só: quer
entrar em diálogo com todos, como instrumento para enfrentar e resolver os
problemas.
Eis alguns temas analisados na
Encíclica:
As mudanças climáticas
“As mudanças climáticas são um
problema global com graves implicações ambientais, sociais, econômicas,
distributivas e políticas, e constituem um dos principais desafios atuais para
a humanidade”. Se “o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos”, o
impacto mais pesado da sua alteração recai sobre os mais pobres.
A questão da água
O Pontífice afirma claramente
que «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial,
fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e,
portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos». Privar os
pobres do acesso à água significa «negar-lhes o direito à vida radicado na sua
dignidade inalienável».
A dívida ecológica
No âmbito de uma ética das
relações internacionais, a Encíclica indica que existe uma verdadeira “dívida
ecológica”, sobretudo do Norte em relação ao Sul do mundo. Diante das mudanças
climáticas, há “responsabilidades diversificadas”, e as dos países
desenvolvidos são maiores. O Papa Francisco se mostra impressionado com
a “fraqueza das reações” diante dos dramas de tantas pessoas e populações.
A raiz humana da crise ecológica
O ser humano não reconhece mais
sua correta posição em relação ao mundo e assume uma posição autorreferencial,
centrada exclusivamente em si mesmo e no próprio poder. Deriva então uma lógica
do “descartável” que justifica todo tipo de descarte, ambiental ou humano que
seja.
Mudança nos estilos de vida
A Encíclica retoma a linha
proposta na Evangelii Gaudium: “A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é
libertadora”. O Papa propõe mudanças nos estilos de vida, através da educação e
da espiritualidade. Uma educação ambiental que incida sobre gestos e hábitos
cotidianos, da redução do consumo de água, à separação do lixo até “desligar
luzes desnecessárias”. Para Francisco, “uma ecologia integral é feita também de
simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da
exploração, do egoísmo”. O Pontífice recorda, porém, que tudo isto será mais
fácil a partir de um olhar contemplativo que vem da fé: “O crente contempla o
mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro, reconhecendo os laços
com que o Pai nos uniu a todos os seres”.
O coração da proposta da
Encíclica é a ecologia integral como novo paradigma de justiça; uma ecologia
“que integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas
relações com a realidade que o circunda”.
A esperança permeia todo o
texto e, segundo Francisco, não se deve pensar que esses esforços não mudarão o
mundo. A crise ecológica, portanto, é um apelo a uma profunda conversão
interior. Pode-se necessitar de pouco e viver muito.
Veja a Encíclica completa em:
http://www.pnslourdes.com.br/arquivos/laudato_si_po.pdf
http://www.pnslourdes.com.br/arquivos/laudato_si_po.pdf
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Julho 2015
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SP
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