O SENTIDO DA MORTE CRISTÃ
No
dia 2 de novembro fazemos memória dos que nos precederam, os finados. Que
sabemos nós sobre o mistério da vida e da morte? Os diversos sinais de vida e
morte presentes na sociedade contemporânea podem nos ajudar a refletir sobre a
nossa missão de peregrinos nesse mundo. Criados à imagem e semelhança de Deus,
carregamos em nossa realidade de humanos, traços visíveis daquele que nos
criou. Deus quis estar representado na pessoa humana que, por sua vez está
profundamente vinculada a Ele. Ao mesmo tempo carregamos em nosso ser
necessidades, desejos, limitações, tensões... e estamos sujeitos às realidades
do mundo.Um dos segredos do dinamismo do sistema capitalista moderno é a
acumulação de riquezas, de mercadorias, como o único ou melhor caminho para
satisfazer o desejo de ser, poder e aparecer. Acontece, porém, que o pensamento
econômico não trabalha com as necessidades, o que seria limitado, mas sim com o
desejo, que não tem limites e por isso, nunca consegue ser saciado. Nesse
sistema, a satisfação prometida é ilusória e imediata, destinada a preencher um
vazio no ser humano (consumidor) que quanto mais consome, mais vazio se sente.
Dessa forma, é preciso inventar continuamente novas ofertas num processo
infinito e auto-regulador. Desaparece a noção de limite para as ações humanas e
surge a ideia de que “querer é poder”. Vivemos tão preocupados em ter casas,
carros, fortunas, status, aparência...Vamos acumulando medo de perder, de
envelhecer, de morrer... vem a insegurança, as angústias... Apesar de não estarmos
completamente convencidos dos momentos de prazer que o dinheiro compra,
acreditamos que possuindo alcançaremos a felicidade e viveremos neste mundo
para sempre. Surge o mito da erradicação da morte.
Podemos
dizer que a pessoa, imagem de seu Criador, vive numa encruzilhada entre dois
verbos: o “ser” e o “ter”. Mas é diante da morte que o enigma da condição
humana atinge seu ponto mais alto. No final da nossa passagem por este mundo o
verbo “ter” revela-se muito pobre: não nos é possível levar nada daquilo que
acumulamos, consumimos ou parecemos ser ao usar este ou aquele produto de
marca. Isso porque a nossa vida pertence a Deus, que no seu amor nos chamou à
existência, e não ao mercado que quer dominar e nos possuir. O que conta mesmo
é o verbo “ser”: o que somos de fato e o que somos na transparência do nosso
interior. Na morte seremos o que fizemos de nós mesmos durante nossa vida
terrena. Levo o que sou, eis o que importa.
Para
o mercado, a morte é dolorosa como um fim de festa. Daí todo o esforço da sua
negação. Até falar da morte é proibido, virou tabu. Para o ser humano, a morte
é um fim “plenitude” e um fim “meta alcançada”. Devemos sempre iluminar o
mistério da morte cristã com a luz de Cristo Ressuscitado. E para os que morrem
na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder
participar também de sua ressurreição. A morte, sendo o fim normal, recorda-nos
que temos um tempo limitado para realizar a nossa vida. Graças a Cristo, a
morte cristã tem um sentido positivo. “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é
lucro” (Fil 1, 21). Na pessoa de Jesus ressuscitado, Deus se revela aquele que
ressuscita os mortos. Da mesma forma como ressuscitou Jesus, Deus nos
ressuscitará também.
Jaime Carlos Patias, imc
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Jornal Online “A
Voz de Lourdes” – Novembro de 2015
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