Aproxima-se o início do Ano Santo extraordinário da
Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco no dia 11 de abril passado, com a
Bula Misericordiae Vultus (O Rosto da misericórdia do Pai é Jesus Cristo). Anos
Santos, ou Jubileus, são celebrados ordinariamente a cada 25 anos; se acontecem
fora dessa sequência, eles são chamados “Jubileus extraordinários”.
O Papa fará a abertura do “Jubileu extraordinário da Misericórdia
no dia 8 de dezembro de 2015 para toda a Igreja. No domingo seguinte, dia 13 de
dezembro, serão abertas as Portas Santas nas dioceses de todo mundo. No mesmo
dia, também em São Paulo haverá a abertura da Porta Santa na Catedral da Sé e
em outras cinco igrejas. As celebrações do Jubileu da Misericórdia se
estenderão até o Domingo de Cristo Rei do ano seguinte, 20 de novembro de 2016.
Ano Santo, ou Jubileu, é um tempo propício para louvar e
agradecer com alegria (“júbilo”), para acolher graças especiais de Deus, por
meio do serviço da Igreja. Mas também é um “tempo favorável” para buscar mais
intensamente o encontro com Deus e com os irmãos. No Ano Jubilar, somos
chamados à conversão de vida, ao arrependimento, à reconciliação com Deus e com
o próximo e a renovar-nos espiritualmente mediante o perdão de Deus, que abre
“os tesouros de sua misericórdia” (cf. Ef 2,4), sendo indulgente para conosco,
pecadores.
A conclusão do Ano Jubilar, na festa solene de Cristo Rei de
2016, também tem um significado especial: toda a nossa vida e toda a história
da humanidade estão sob o signo da misericórdia de Deus, manifestada a nós por
meio de Jesus Cristo. No final de nossa vida terrena, encontraremos Jesus
Cristo glorificado, Senhor e Juiz de cada um de nós e também da história. Todos
esperamos que Ele seja um juiz clemente e misericordioso. Mas sabemos, desde
agora, que “o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de
misericórdia” (cf. Tg 2,13).
Alguns motivos especiais levaram o Papa Francisco a proclamar o
Jubileu extraordinário da Misericórdia. Antes de tudo, porque a Igreja comemora
o 50º aniversário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, iniciado em
outubro de 1962 e encerrado em 8 de dezembro de 1965. Francisco lembra-nos que
o Concílio foi uma grande bênção para a Igreja e para a humanidade e que ele já
produziu muitos frutos ao longo destes 50 anos. Portanto, temos muito a
agradecer a Deus.
Ao mesmo tempo, resta ainda muito por fazer para que as decisões
do Concílio sejam postas mais plenamente em prática. O Concílio representou um
grande esforço da Igreja para evangelizar mais e melhor. Todos os seus
documentos são orientados pela preocupação de evangelizar mais e melhor. E o
Papa São João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 1962, dizia que
era chegado o tempo em que a Igreja devia usar menos o bastão da severidade que
o remédio da misericórdia para chegar a todas as pessoas e levar a todos a
Boa-Nova da salvação.
Pois bem, 50 anos depois, a “nova evangelização” parte das mesmas
preocupações do Concílio: evangelizar sempre, de maneira adequada, com coragem,
esperança e alegria, sem se cansar. E sem esquecer que o Evangelho é, antes de
tudo, o “belo anúncio” do amor misericordioso de Deus para todas as pessoas:
“tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho único, para que todo
aquele que nele crer, não morra para sempre, mas tenha a vida eterna” (cf. Jo
3,16). Evangelizar é anunciar e testemunhar a misericórdia infinita de Deus
para com a humanidade.
Recomendo a leitura atenta da Bula Misericordiae Vultus, de
proclamação do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, do Papa Francisco. De
minha parte, publicarei em breve uma Carta Pastoral com orientações para
celebrar e viver bem o Jubileu da Misericórdia na Arquidiocese de São Paulo.
Publicado no jornal O
SÃO PAULO, Edição 3076 - 5 a 10 de novembro de 2015
Dom Odilo Pedro Scherer
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Dezembro de 2015
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SP
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