sexta-feira, 1 de março de 2019

NOTÍCIAS DA IGREJA: PAPA FRANCISCO

PAPA FRANCISCO: "NA ORAÇÃO CRISTÃ NÃO HÁ ESPAÇO PARA O EU"


Na audiência geral, Francisco lembrou que o 'Pai Nosso' não é uma oração individualista: "No diálogo com Jesus, não deixamos o mundo fora da porta do nosso quarto... levamos as pessoas e situações em nosso coração!"

Na catequese pronunciada esta quarta-feira (13/02), o Papa propôs uma reflexão sobre o ‘Pai Nosso’, explicando como rezar melhor a oração que Jesus nos ensinou.

A Sala Paulo VI, dentro do Estado do Vaticano, ficou repleta de fiéis, romanos e turistas que receberam o Papa com o carinho de sempre, cantos e aplausos e em seguida, ouviram suas palavras com atenção.

Introspecção do diálogo com Jesus


Para rezar - iniciou o Papa - são necessários silêncio e introspecção.

“A verdadeira oração se realiza no segredo na consciência, do fundo do coração: com Deus é impossível fingir, é como o olhar de duas pessoas, o homem e Deus, quando se cruzam”. Mas apesar disso, Jesus não nos ensina uma oração intimista ou individualista. Não deixamos o mundo fora da porta do nosso quarto... levamos as pessoas e situações em nosso coração!

“ Na oração do Pai Nosso, há uma palavra que brilha pela sua ausência: uma palavra que em nossos tempos – como talvez sempre – todos consideram importante: a palavra ‘eu'. ”

Primeiramente nos dirigimos a Deus como a Alguém que nos ama e escuta (seja santificado o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade) e, depois, quando lhe apresentamos uma série de petições (dai-nos hoje o nosso pão cotidiano, perdoai as nossas ofensas, não nos deixeis cair em tentação, livrai-nos do mal), as fazemos na primeira pessoa do plural – “nós” – isto é, rezamos como uma comunidade de irmãos e irmãs.

“Até as necessidades mais elementares do homem – como ter alimento para saciar sua fome – são todas feitas no plural. Na oração cristã, ninguém pede o pão para si, mas o suplica para todos os pobres do mundo”, disse Francisco.

Pedir a Jesus que nos faça ter compaixão


Na oração, o cristão leva todas as dificuldades e sofrimentos de quem está ao seu lado, tanto dos amigos como de quem lhe faz mal, imitando a compaixão que Jesus sentia pelos pecadores.

Mas pode acontecer – ressalvou o Papa – que alguém não perceba o sofrimento a seu redor, não sinta pena pelas lágrimas dos pobres, fique indiferente a tudo. Isto significa que seu coração está petrificado. Neste caso, seria bom pedir ao Senhor que o toque com o seu Espírito e sensibilize seu coração.

“Cristo não ficou alheio às misérias do mundo. Toda vez que percebia uma solidão, uma ferida no corpo ou no espírito, sentia forte compaixão. ”

Às 7 mil pessoas presentes, o Papa perguntou: “Quando rezamos, nos abrimos ao grito de tanta gente, próxima ou distante? Ou penso na oração como uma espécie de anestesia, para ficar mais tranquilo? Isto seria um terrível equívoco”.

A oração deve abrir o coração ao próximo para que amemos com um amor compassivo e concreto, sabendo que tudo aquilo que fizermos “a um destes meus irmãos mais pequeninos, -afirma Jesus - foi a mim mesmo que o fizestes”


PAPA À COMUNIDADE PATRÍSTICA: SEJAM FIÉIS ÀS RAÍZES PARA AJUDAR A VIDA DE HOJE DA IGREJA


Andressa Collet – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado (16), na Sala Clementina, no Vaticano, a comunidade acadêmica do Instituto Patrístico Augustinianum de Roma, por ocasião dos 50 anos de fundação da escola. Logo no início do discurso aos docentes, alunos, conselheiros, colaboradores e administradores da faculdade, o Pontífice se congratulou com todos pelo aniversário jubilar, enaltecendo o valor dos sábios em idade avançada, os professores em pensão, que “quando chegam naquela idade são de uma simplicidade grandiosa, que faz muito bem”.

Meio século de contribuição à tradição católica

 

Ao dar graças a Deus por tudo que o instituto realizou nesse meio século de vida, o Papa voltou às origens e à tradição da Ordem Agostiniana em Roma, com os estudos “dedicados às ciências sagradas, em especial aos Pais da Igreja, a Santo Agostinho e seu legado”. O Augustinianum “foi fundado para contribuir a preservar e transmitir a riqueza da tradição católica, sobretudo a tradição dos Pais”, disse o Papa.

“Essa contribuição é essencial para a Igreja. Foi sempre, mas especialmente na nossa época, como afirmou São Paulo VI no discurso de inauguração do Instituto: ‘o retorno aos Pais da Igreja’, disse ele, ‘faz parte do recuperar as origens cristãs, sem as quais não seria possível atuar na renovação bíblica, na reforma litúrgica e na nova pesquisa teológica pretendida do Concílio Ecumênico Vaticano II’ (4 de maio de 1970). ”

Francisco também citou São João Paulo II, quando visitou a escola em 1982, enaltecendo os valores do instituto que ajudam a “conhecer melhor Cristo e a conhecer melhor o homem”, num conhecimento que ajuda “a Igreja na sua missão” (7 de maio de 1982).

Responsabilidade na vida da Igreja

 

O Papa, então, usou da recente Constituição Apostólica Veritatis gaudium e o exemplo de Santo Agostinho para incentivar a comunidade patrística:

“Encorajo vocês a serem fiéis às suas raízes e à sua tarefa; a perseverar no empenho de comunicar os valores intelectuais, espirituais e morais que possam preparar os seus estudantes a participar com sabedoria e responsabilidade na vida da Igreja e nos debates sobre os desafios cruciais do nosso tempo. Tal serviço é estreitamente ligado à evangelização e contribui a promover o crescimento da família humana em direção à sua definitiva plenitude em Deus (Const. Ap. Veritatis gaudium, 1). ”

Francisco finalizou o discurso exortando a rezarem um pelo outro, porque se faz necessário e “é importante numa instituição”, para que o Senhor anime no empenho diário de pesquisa, ensinamento e estudo.

Escola patrística de excelência de Roma

 

O Augustinianum é um instituto de especialização e pesquisa teológica patrística, onde a Tradição da Igreja, ou seja, a transmissão viva da fé cristã dos primeiros séculos ocupa um lugar de destaque. O instituto completa meio século de experiência na didática e na pesquisa, formou estudiosos que hoje ensinam em universidades pontifícias de prestígio, além de leigos de todo o mundo. Inclusive os professores representam uma excelência no panorama científico católico internacional.

O Pe. Alejandro Moral Antón, Prior Geral dos Agostinianos e Moderador geral do Instituto, ao saudar o Papa salientou o legado do patrono Santo Agostinho, prometendo estudar os autores de um passado distante, “mas sempre fecundo, empenhando-se a viver e a transmitir às gerações futuras o frescor e a alegria do Evangelho”.


TUTELA DOS MENORES

PAPA FRANCISCO: ESCUTEMOS O GRITO DOS PEQUENOS QUE PEDEM JUSTIÇA

No início da manhã desta quinta-feira (21), o Papa Francisco introduziu os trabalhos do primeiro dia do encontro inédito sobre a proteção dos menores dentro da Igreja. A conferência reúne, pela primeira vez, os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo no Vaticano para abordar o tema.

O Papa começou o encontro afirmando do seu forte desejo de responsabilidade em interpelar Patriarcas, Cardeais, Arcebispos, Bispos, Superiores Religiosos e Responsáveis “diante da chaga dos abusos sexuais perpetrados por homens da Igreja em detrimento dos menores”. Todos juntos e “com a docilidade” da condução do Espírito Santo, “escutemos o grito dos pequenos que pedem justiça”.

“ O santo Povo de Deus nos vê e espera de nós não simples e evidentes condenações, mas medidas concretas e eficazes a serem realizadas. ”

Responsabilidade pastoral e eclesial

O Pontífice pediu que o encontro tivesse a incumbência do “peso da responsabilidade pastoral e eclesial que nos obriga a discutir juntos, de maneira sinodal, sincera e aprofundada sobre como enfrentar esse mal que aflige a Igreja e a humanidade. O santo Povo de Deus nos vê e espera de nós não simples e evidentes condenações, mas medidas concretas e eficazes a serem realizadas. São necessárias medidas concretas”, acrescentou Francisco.

O Papa enalteceu, então, que o percurso de todos através desse encontro, no Vaticano, começa “armados da fé e do espírito de máxima parresia, de coragem e concretude”.

Como subsídio, disse Francisco, “me permito compartilhar com vocês alguns importantes critérios, formulados pelas diversas Comissões e Conferências Episcopais que chegaram até nós. São orientações para ajudar a nossa reflexão que serão entregues a vocês. São um simples ponto de partida que veio de vocês e volta para vocês”.

Transformar o mal em consciência e purificação

O Papa Francisco, então, agradeceu a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, a Congregação para a Doutrina da Fé e os membros da Comissão Organizadora pelo “excelente trabalho desenvolvido com grande empenho em preparar este encontro”. E o Pontífice finalizou:

“ Peço ao Espírito Santo de nos sustentar nestes dias e de nos ajudar a transformar esse mal em uma oportunidade de consciência e de purificação. A Virgem Maria nos ilumine para buscar curar as graves feridas que o escândalo da pedofilia causou seja nos pequenos que nos crentes. ”

Ouvir as vozes das vítimas

Os trabalhos do encontro iniciaram com uma oração, durante a qual alguns testemunhos de vítimas foram compartilhados – de quem não pôde falar ou foi silenciado. Os presentes na conferência elevaram as próprias orações para que cada um pudesse ouvir aqueles que “foram violados e feridos, maltratados e abusados”, reconhecendo “as feridas do povo para que seja feita justiça”.

“Não consentir que os nossos fracassos”, foi a oração ao Senhor, “façam os homens perderem a fé em ti e no teu Evangelho”. Um longo e denso silêncio seguiu a uma das experiências que foram lidas:

“Ninguém me escutava; nem os meus pais, nem os meus amigos, nem depois as autoridades eclesiásticas. Não me escutavam e nem mesmo o meu choro. E eu me questiono: por quê? E me questiono por que Deus não me escutou? ”





Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Março de 2019
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquiahttp://www.pnslourdes.com.br