sexta-feira, 1 de março de 2019

SÃO JOSÉ, ESPOSO DE MARIA



Os cristãos atuais, que vivem a sério o seguimento de Jesus Cristo, experimentam a necessidade e a urgência de estudar e contemplar a figura encantadora de São José, o esposo da Virgem Maria. O conhecimento dele é uma exigência da formação inicial e continuada dos discípulos do Salvador.

A existência histórica de São José é fato comprovado, que salta aos olhos daqueles que pesquisam as Sagradas Escrituras, os documentos antigos e a tradição religiosa. Ele viveu entre nós há dois mil anos atrás, na Palestina, um pequeno país do Oriente Médio, na Ásia (Lc 1,27Mt 1,18-25). Era um homem de família. Sua história está inserida na vida do povo de Deus. Sua vocação está, profundamente, ligada à sua missão de Jesus Cristo e da Mãe de Deus.

Para estudar a pessoa e o papel de São José, nós precisamos levar em conta a Bíblia, os textos da época, os apócrifos, as reflexões dos Padres da Igreja, a tradição eclesial, o magistério eclesiástico e as ciências humanas e teológicas.

Dispomos de muitos livros e textos publicados, que nos ajudam compreender melhor a missão deste homem de Deus na história da salvação.

JOSÉ NAS SAGRADAS ESCRITURAS

Na história e vida do povo de Deus, havia muitas pessoas cujo nome era "José". É um nome que já fazia parte da cultura judaica. "José" provém do termo hebraico "Iodzet", que significa "Que Deus acrescenta".

Nas Sagradas Escrituras, encontramos três personagens conhecidos, os quais tiveram um papel relevante na história do povo de Deus: o patriarca José, José de Arimatéia e São José. O testemunho bíblico fornece-nos dados interessantes sobre a vida de cada um deles.

No Antigo Testamento, há o patriarca José, filho de Jacó e de Raquel (Gn 37,1-50,26). Era o primeiro filho dela e preferido pelo pai, que nasceu em Harã. Invejado e odiado pelos irmãos, foi lançado por eles numa cisterna. Vendido para mercadores, foi levado, como escravo, para o Egito. Eles o revenderam para Putifar, comandante da guarda do faraó.

Injustamente acusado pela esposa de Putifar de ter tentado seduzi-la, foi encarcerado. Sua capacidade de interpretar sonhos o permitiu ser liberto da prisão, e se tornou vice-rei do Egito. Casou-se com a filha de um sacerdote egípcio, com a qual teve dois filhos, Efraim e Manasses.

Preparando-se para a fome anunciada pelos sonhos do Faraó, José fez reservas de alimentos no Egito. Quando a escassez de alimentos atingiu seus irmãos e os obrigou a se abastecerem no Egito, José, reconhecendo-os, perdoou-os e se reconciliou com eles. Mandou que toda a família fosse morar com ele. Faleceu aos 110 anos, idade ideal conforme a sabedoria egípcia. Sua história mostra a vida do justo que sofre, mas triunfa com sabedoria, persistência, fé e vivência de fraternidade. Apresenta José como instrumento de Deus para salvar a própria família.

O Novo Testamento mostra-nos a presença de José de Arimatéia nos inícios da Igreja (Mt 27,57-61Mc 15,42-47Lc 23,50-56Jo 19,38-42). Piedoso e rico judeu de Jerusalém, era membro do Sinédrio, tribunal judaico. Tinha simpatia por Jesus Cristo e era seu discípulo, embora ocultamente.

José de Arimatéia exerceu um papel importante na paixão e morte de Jesus. Não concordou com a condenação de Cristo. Depois que Jesus morreu na cruz, ele pediu a Pilatos, procurador romano, seu cadáver e, junto com Nicodemos, enterrou-o num sepulcro novo, que tinha sido preparado.

Os textos do Novo Testamento registram a presença de São José na vida da Virgem Maria e de Jesus Cristo (Mc 6,3Lc 1-2;3;23;4,22Jo 1,45;6,42). Embora os evangelhos sejam muito discretos a seu respeito, não deixam de evidenciar sua relevante missão dentro da história da salvação. Ocupou um lugar importante nos relatos da infância de Jesus. Durante o ministério público de Jesus, ele é apenas nomeado.

ESPOSO DE MARIA

A vida de São José transcorreu na história do povo de Deus, eivada de desafios do tempo. Ele teve uma participação especial no projeto de salvação, recebendo de Deus uma missão toda particular. Com docilidade e fé, seguiu os apelos do Senhor durante o trajeto de sua existência. A vida dele constitui “uma vida que segue o ritmo de Deus” (Stefano de Fiores, teólogo e escritor).

José teve uma vida simples e marcada pelo trabalho. Era originário de Belém, da estirpe de Davi, mas nunca invocou privilégios, cargos honoríficos, rendas vitalícias e tratamento especial. Era homem humilde e modesto, dedicado aos seus afazeres e responsabilidades.

Sua profissão era de carpinteiro. Trabalhava a madeira, dedicando-se a abater cedros e ciprestes nos bosques e florestas, a reparar os vigamentos das habitações e a construir portas, janelas, mesas, instrumentos agrícolas e outros manufaturados. Vivia do sustento de seu trabalho.

José era esposo de Maria, vivendo com ela um matrimônio de maneira santa e com muito amor e respeito. Pai adotivo de Jesus, deu-lhe um nome, fê-lo descendente da linhagem de Davi, esteve ao seu lado e colaborou no seu cuidado, proteção e educação. Soube aceitar Jesus como Filho de Deus, concebido no seio de Maria por obra do Espírito Santo.

O CULTO DE SÃO JOSÉ

Ao longo da tradição cristã, o magistério eclesiástico sempre destacou o valor de São José na vida da Igreja e no culto católico. O Papa Pio IX declarou-o Padroeiro da Igreja Católica em todo o mundo. Leão XIII o propôs como advogado dos lares cristãos. O Papa também estabeleceu a festa da Sagrada Família.

Pio XII instituiu a festa de São José Operário, celebrada em 1o. de maio. João XXIII acrescentou o seu nome no Cânon da Missa. No dia 19 de março, a Igreja celebra a solenidade de São José, esposo da Virgem Maria. Essa festa foi estabelecida pelo Papa Sixto IV, em 1479.

São José é muito venerado pelo povo. Muitas pessoas foram registradas com o nome dele. Encontramos seu nome em diversas ladainhas, como, por exemplo, na ladainha de “Todos os Santos” e na “Dos Agonizantes”. Há a “Ladainha de São José”, aprovada por Pio X. Existe um número enorme de grandes santos da Igreja que, em muitas ocasiões, recorreram à ajuda do esposo de Maria. Nós também somos convidados a honrá-lo e a imitar suas virtudes, de maneira que possamos ser também homens justos, íntegros e fiéis aos planos de Deus em nossa história concreta.

Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.
Redentorista da Província de São Paulo, formado em filosofia e teologia. Atuou como formador, trabalhou no Santuário Nacional, onde foi diretor da Academia Marial.




Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Março de 2019
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
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