Os
cristãos atuais, que vivem a sério o seguimento de Jesus Cristo, experimentam a
necessidade e a urgência de estudar e contemplar a figura encantadora de São
José, o esposo da Virgem Maria. O conhecimento dele é uma exigência da formação
inicial e continuada dos discípulos do Salvador.
A
existência histórica de São José é fato comprovado, que salta aos olhos
daqueles que pesquisam as Sagradas Escrituras, os documentos antigos e a
tradição religiosa. Ele viveu entre nós há dois mil anos atrás, na Palestina,
um pequeno país do Oriente Médio, na Ásia (Lc 1,27; Mt 1,18-25).
Era um homem de família. Sua história está inserida na vida do povo de Deus.
Sua vocação está, profundamente, ligada à sua missão de Jesus Cristo e da Mãe
de Deus.
Para
estudar a pessoa e o papel de São José, nós precisamos levar em conta a Bíblia,
os textos da época, os apócrifos, as reflexões dos Padres da Igreja, a tradição
eclesial, o magistério eclesiástico e as ciências humanas e teológicas.
Dispomos
de muitos livros e textos publicados, que nos ajudam compreender melhor a
missão deste homem de Deus na história da salvação.
JOSÉ
NAS SAGRADAS ESCRITURAS
Na história e vida do povo de Deus, havia muitas pessoas cujo nome era
"José". É um nome que já fazia parte da cultura judaica.
"José" provém do termo hebraico "Iodzet", que
significa "Que Deus acrescenta".
Nas
Sagradas Escrituras, encontramos três personagens conhecidos, os quais tiveram
um papel relevante na história do povo de Deus: o patriarca José, José de
Arimatéia e São José. O testemunho bíblico fornece-nos dados interessantes
sobre a vida de cada um deles.
No Antigo
Testamento, há o patriarca José, filho de Jacó e de Raquel (Gn 37,1-50,26). Era o primeiro filho dela e preferido
pelo pai, que nasceu em Harã. Invejado e odiado pelos irmãos, foi lançado por eles
numa cisterna. Vendido para mercadores, foi levado, como escravo, para o Egito.
Eles o revenderam para Putifar, comandante da guarda do faraó.
Injustamente
acusado pela esposa de Putifar de ter tentado seduzi-la, foi encarcerado. Sua
capacidade de interpretar sonhos o permitiu ser liberto da prisão, e se tornou
vice-rei do Egito. Casou-se com a filha de um sacerdote egípcio, com a qual
teve dois filhos, Efraim e Manasses.
Preparando-se
para a fome anunciada pelos sonhos do Faraó, José fez reservas de alimentos no
Egito. Quando a escassez de alimentos atingiu seus irmãos e os obrigou a se
abastecerem no Egito, José, reconhecendo-os, perdoou-os e se reconciliou com
eles. Mandou que toda a família fosse morar com ele. Faleceu aos 110 anos,
idade ideal conforme a sabedoria egípcia. Sua história mostra a vida do justo
que sofre, mas triunfa com sabedoria, persistência, fé e vivência de
fraternidade. Apresenta José como instrumento de Deus para salvar a própria
família.
O Novo
Testamento mostra-nos a presença de José de Arimatéia nos inícios da Igreja (Mt 27,57-61; Mc 15,42-47; Lc 23,50-56; Jo 19,38-42).
Piedoso e rico judeu de Jerusalém, era membro do Sinédrio, tribunal judaico.
Tinha simpatia por Jesus Cristo e era seu discípulo, embora ocultamente.
José de
Arimatéia exerceu um papel importante na paixão e morte de Jesus. Não concordou
com a condenação de Cristo. Depois que Jesus morreu na cruz, ele pediu a
Pilatos, procurador romano, seu cadáver e, junto com Nicodemos, enterrou-o num
sepulcro novo, que tinha sido preparado.
Os textos
do Novo Testamento registram a presença de São José na vida da Virgem Maria e
de Jesus Cristo (Mc 6,3; Lc 1-2;3;23;4,22; Jo 1,45;6,42).
Embora os evangelhos sejam muito discretos a seu respeito, não deixam de
evidenciar sua relevante missão dentro da história da salvação. Ocupou um lugar
importante nos relatos da infância de Jesus. Durante o ministério público de
Jesus, ele é apenas nomeado.
ESPOSO
DE MARIA
A vida de
São José transcorreu na história do povo de Deus, eivada de desafios do tempo.
Ele teve uma participação especial no projeto de salvação, recebendo de Deus
uma missão toda particular. Com docilidade e fé, seguiu os apelos do Senhor
durante o trajeto de sua existência. A vida dele constitui “uma vida que segue
o ritmo de Deus” (Stefano de Fiores, teólogo e escritor).
José teve
uma vida simples e marcada pelo trabalho. Era originário de Belém, da estirpe
de Davi, mas nunca invocou privilégios, cargos honoríficos, rendas vitalícias e
tratamento especial. Era homem humilde e modesto, dedicado aos seus afazeres e
responsabilidades.
Sua
profissão era de carpinteiro. Trabalhava a madeira, dedicando-se a abater
cedros e ciprestes nos bosques e florestas, a reparar os vigamentos das
habitações e a construir portas, janelas, mesas, instrumentos agrícolas e
outros manufaturados. Vivia do sustento de seu trabalho.
José era
esposo de Maria, vivendo com ela um matrimônio de maneira santa e com muito
amor e respeito. Pai adotivo de Jesus, deu-lhe um nome, fê-lo descendente da linhagem
de Davi, esteve ao seu lado e colaborou no seu cuidado, proteção e educação.
Soube aceitar Jesus como Filho de Deus, concebido no seio de Maria por obra do
Espírito Santo.
O
CULTO DE SÃO JOSÉ
Ao longo
da tradição cristã, o magistério eclesiástico sempre destacou o valor de São
José na vida da Igreja e no culto católico. O Papa Pio IX declarou-o Padroeiro
da Igreja Católica em todo o mundo. Leão XIII o propôs como advogado dos lares
cristãos. O Papa também estabeleceu a festa da Sagrada Família.
Pio XII
instituiu a festa de São José Operário, celebrada em 1o. de maio. João XXIII
acrescentou o seu nome no Cânon da Missa. No dia 19 de março, a Igreja celebra
a solenidade de São José, esposo da Virgem Maria. Essa festa foi estabelecida
pelo Papa Sixto IV, em 1479.
São José
é muito venerado pelo povo. Muitas pessoas foram registradas com o nome dele.
Encontramos seu nome em diversas ladainhas, como, por exemplo, na ladainha de
“Todos os Santos” e na “Dos Agonizantes”. Há a “Ladainha de São José”, aprovada
por Pio X. Existe um número enorme de grandes santos da Igreja que, em muitas
ocasiões, recorreram à ajuda do esposo de Maria. Nós também somos convidados a
honrá-lo e a imitar suas virtudes, de maneira que possamos ser também homens
justos, íntegros e fiéis aos planos de Deus em nossa história concreta.
Pe. Eugênio Bisinoto, C.Ss.R.
Redentorista da Província de São
Paulo, formado em filosofia e teologia. Atuou como formador, trabalhou no
Santuário Nacional, onde foi diretor da Academia Marial.
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Março de 2019
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br