quinta-feira, 1 de março de 2018

NOTÍCIAS DA IGREJA: ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

Missa na Catedral da Sé marca o início da Quaresma na Arquidiocese


As cinzas, colocadas na fronte dos fiéis que participaram da missa de Quarta-feira de Cinzas, no dia 14, lembram aos cristãos a condição de criaturas limitadas. “Convertei-vos e crede no Evangelho”, diz o sacerdote enquanto impõe as cinzas, rito realizado após a homilia. Com a celebração, inicia-se o tempo litúrgico da Quaresma, que acontece em preparação para a Páscoa do Senhor. No Brasil, começa também a Campanha da Fraternidade (CF), que acontece há 54 anos e, em 2018, traz como tema “Fraternidade e superação da violência” e lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). 

A situação de violência vivida no Brasil foi enfatizada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, que presidiu a celebração, bem como a necessidade de que a sociedade possa “educar para a não violência”.

O Cardeal salientou que o Brasil é um dos países com um dos maiores índices de violência do mundo e falou sobre os fatores que a desencadeiam. “Há também formas de violência sutis como a violência da calúnia, das Fake News , notícias falsas nas mídias sociais que circulam como se fossem verdade”, recordou.

“Somos católicos e não podemos ficar indiferentes aos fatos de violência. Não condiz com nossa fé e nossa moral, não condiz com o nosso jeito católico de ser cidadão. Devemos lutar para que a violência não se propague”, insistiu Dom Odilo, que afirmou ainda sobre o fato de os leigos terem um papel importantíssimo na promoção da sociedade justa, fraterna e não violenta.

“A violência não é aceitável sob nenhum ponto de vista. A violência é um mal e é contrária à lei de Deus. Por isso mesmo, todos nós, filhos da Igreja, somos chamados a superar um clima de violência que se instalou. Qualquer tipo de violência clama aos céus”, continuou o Cardeal.

O Arcebispo lembrou também que a Bíblia mostra Deus como defensor daqueles que são injustiçados, violentados, e todos que estão do lado de Deus devem estar ao lado de quem sofre violência. “A manutenção de um estado social, de uma situação econômica que obriga muitos a viverem na miséria é também uma violência instituída, contra a qual nós devemos lutar, para instaurar, sim, de muitas formas, uma sociedade justa, fraterna, honesta, com políticas públicas voltadas para as situações que são geradoras de violência”.

Outro aspecto sobre o qual o Cardeal insistiu foi a necessidade de uma educação para a paz. “A violência necessita de educação para a não violência. Educação para valores fundamentais, como o respeito ao próximo, a honestidade, a dignidade no trato com as pessoas, a justiça, a vida de cada pessoa. Se não estivermos muito convencidos disso, podemos estar participando da onda da violência”, afirmou.

O tema da CF foi apresentado também por Márcia Matias de Castro, representante da equipe da Campanha da Fraternidade da Arquidiocese, antes do início da celebração. Márcia lembrou que um dos objetivos da CF é o de “apoiar as organizações da sociedade civil que trabalham na superação da violência”. No texto lido por ela, recordou- -se que “o Brasil é uma sociedade injusta e desigual e pratica uma forma de fazer política que torna as pessoas descartáveis”.

JEJUM, ESMOLA E ORAÇÃO

Sobre os exercícios quaresmais, o Cardeal sugeriu aos fiéis que vivam o jejum, a esmola e a oração, revendo as atitudes de acordo com o tema da Campanha. 

“Que por meio dos exercícios da Quaresma, do jejum, da esmola e da oração, possamos colher o fruto de uma sociedade melhor, mais reconciliada e pacificada. Façamos o jejum daquela conversa que incita a violência, da palavra injuriosa, da vontade de brigar e de tudo aquilo que nos faz ser levados por nossas paixões. Com a prática da esmola, possamos ajudar o próximo a sair de sua situação de necessidade, e que a oração nos leve a buscar a Deus acima de tudo”, disse o Arcebispo.


Sínodo será ‘uma especial graça de Deus para nossa Igreja’



O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realizou, no dia 15, o tradicional encontro com o clero arquidiocesano que marca o início do ano pastoral na Arquidiocese. Além de ser a oportunidade de diálogo do Arcebispo com clero, o encontro teve o objetivo de destacar os principais assuntos da vida da Igreja em 2018, como o Ano Nacional do Laicato, a Campanha da Fraternidade, a postura nas eleições, as próximas assembleias do sínodo dos bispos e, com maior acento, a etapa do sínodo arquidiocesano nas paróquias. 

O evento, realizado no Colégio Agostiniano Mendel, no Tatuapé, na zona Leste, reuniu os bispos auxiliares, párocos, administradores, vigários paroquiais, padres e diáconos coordenadores de pastorais ou que desempenham funções nos organismos da Cúria Metropolitana. Na ocasião, o Cardeal também acolheu os padres recém-ordenados e os sacerdotes de congregações religiosas que chegaram recentemente à Arquidiocese para desempenharem novas funções. 

CAMINHO SINODAL

Dom Odilo reforçou o apelo aos padres a se envolverem nos trabalhos do sínodo arquidiocesano nas paróquias, que serão abertos oficialmente no dia 24. “[O sínodo] é uma espécie de ‘mutirão eclesial’, em que todos os membros da nossa Igreja particular estão convocados a fazer um esforço compartilhado para buscar o maior bem da vida e da missão da nossa Igreja”.

“Nossa Arquidiocese tem feito seus Planos de Pastoral, traduzindo em prioridades e urgências pastorais aquilo que temos a fazer em nossa Igreja particular. Tudo isso, porém, pode ficar ‘letra morta’ e sem efeito se não chegar, efetivamente, às bases do povo de Deus e não houver uma verdadeira ‘conversão’ de nossa mentalidade e cultura pastoral”, acrescentou o Arcebispo.
O Cardeal explicou, ainda, que, no caminho sinodal nas paróquias, o povo deverá ser estimulado a fazer reuniões mensais em grupos, entre março e novembro, seguindo o roteiro preparado pela Comissão de Coordenação Geral do sínodo e já entregue às paróquias.

Entre julho e agosto, será feito um levantamento sobre a realidade religiosa e pastoral, feito por voluntários que sairão a campo em busca desses dados, a partir de questões que estão sendo preparadas pela Comissão de Coordenação Geral do sínodo. Um outro levantamento será pedido aos párocos e administradores paroquiais, com base nos dados verificáveis da realidade paroquial (habitantes, organização pastoral, participação do povo na vida sacramentária etc). Todas essas informações servirão de base para a realização das assembleias paroquiais do sínodo, previstas para acontecerem entre outubro e novembro. 

“O sínodo arquidiocesano vai dar bastante trabalho; mas tenho a certeza de que será uma especial graça de Deus para nossa Igreja na arquidiocese de São Paulo! Faço a todos o meu apelo de adesão e participação! Será um ‘caminho de comunhão, conversão e renovação missionária’ para cada uma de nossas comunidades e para toda a nossa Arquidiocese!”, enfatizou o Arcebispo.

JUVENTUDE E AMAZÔNIA

Dentre as questões importantes para a Igreja no mundo, Dom Odilo destacou a Assembleia do Sínodo dos Bispos, de outubro, no Vaticano, sobre “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Nesse contexto, ele recordou que falta pouco menos de um ano para a Jornada Mundial da Juventude no Panamá, cujas inscrições já estão abertas. “Como vai a preparação para enviar e acompanhar jovens ao Panamá? As paróquias, movimentos, pastorais devem iniciar logo”, orientou o Cardeal.

Também começou a preparação para o Sínodo dos Bispos sobre a Pan-Amazônia, marcado para outubro de 2019. “A atenção do mundo e da Igreja está voltada para a Amazônia, que é um bem para os povos que nela vivem, mas também para toda a humanidade”, afirmou Dom Odilo, reforçando que a Arquidiocese de São Paulo precisa aumentar a sua participação na obra evangelizadora da Igreja na Amazônia. “Temos um padre a serviço da Diocese de Castanhal (AM) e é nossa intenção firmar, neste ano, um convênio de Igrejas-irmãs com aquela Diocese”, informou. 

CF 2018

Ao tratar dos destaques na Igreja em âmbito nacional, o Cardeal Scherer chamou a atenção para a Campanha da Fraternidade 2018, que tem como tema “Fraternidade e superação da violência”. 

“Aproveitemos essa ocasião para uma tomada de consciência sobre os fatos e as formas de violência, as causas e as possíveis vias de sua superação, que devem envolver o poder público, mas também a sociedade como um todo”, disse. 

Ainda segundo o Arcebispo, os católicos também têm responsabilidades e propostas para a superação da violência. “Ajudemos nossas comunidades e famílias a serem promotoras da superação da violência mediante a educação com valores e para comportamentos não violentos. E como cidadãos, devemos cobrar responsabilidades de quem as tem, para que sejam promovidas políticas públicas adequadas à superação da violência”.

ELEIÇÕES

Destacando que 2018 é ano eleitoral, Dom Odilo afirmou que o quadro político apresenta-se ainda “muito confuso e indefinido”. 

“Vivemos uma crise de descrédito da política e dos políticos e seria fácil cair na tentação de condenar tudo e todos, sem termos nada para sugerir e abrir perspectivas de esperança”, refletiu. 

Sobre o papel das comunidades eclesiais em relação à política, o Arcebispo foi enfático ao afirmar que não cabe à Igreja fazer a opção por partido ou ideologia. “É saudável que também nas paróquias nosso povo faça a experiência do exercício democrático, como nós propomos para toda a sociedade. Nossas paróquias não sejam currais eleitorais nem devemos ser agentes partidários. Isso divide o povo. Educar o povo para fazer escolhas políticas livres e responsáveis, no respeito à diversidade de pensamento e escolha”, manifestou.

ANO NACIONAL DO LAICATO

Chamando a atenção para o Ano Nacional do Laicato, aberto em 26 de novembro de 2017 e que se encerrará em 25 de novembro deste ano, Dom Odilo pediu ao clero que ajude os leigos a assumirem sua identidade e missão, tanto na Igreja quanto na sociedade. Para o Cardeal, além de valorizar os leigos e sua ação no interior da Igreja, confiando-lhes ministérios e serviços, é preciso ajudá-los a também serem bons cidadãos, pais e educadores de seus filhos, cumpridores de seus deveres cívicos e sociais. “Que nossos leigos, com suas capacidades, sejam participativos na vida social, cultural, política, assumindo, com seriedade, as responsabilidades sociais que lhes competem”.



Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Março de 2018
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquiahttp://www.pnslourdes.com.br