Missa na Catedral da Sé marca o início da Quaresma
na Arquidiocese
As cinzas,
colocadas na fronte dos fiéis que participaram da missa de Quarta-feira de
Cinzas, no dia 14, lembram aos cristãos a condição de criaturas limitadas.
“Convertei-vos e crede no Evangelho”, diz o sacerdote enquanto impõe as cinzas,
rito realizado após a homilia. Com a celebração, inicia-se o tempo litúrgico da
Quaresma, que acontece em preparação para a Páscoa do Senhor. No Brasil, começa
também a Campanha da Fraternidade (CF), que acontece há 54 anos e, em 2018,
traz como tema “Fraternidade e superação da violência” e lema “Vós sois todos
irmãos” (Mt 23,8).
A situação de
violência vivida no Brasil foi enfatizada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, que
presidiu a celebração, bem como a necessidade de que a sociedade possa “educar
para a não violência”.
O Cardeal
salientou que o Brasil é um dos países com um dos maiores índices de violência
do mundo e falou sobre os fatores que a desencadeiam. “Há também formas de
violência sutis como a violência da calúnia, das Fake News , notícias falsas
nas mídias sociais que circulam como se fossem verdade”, recordou.
“Somos
católicos e não podemos ficar indiferentes aos fatos de violência. Não condiz
com nossa fé e nossa moral, não condiz com o nosso jeito católico de ser
cidadão. Devemos lutar para que a violência não se propague”, insistiu Dom
Odilo, que afirmou ainda sobre o fato de os leigos terem um papel
importantíssimo na promoção da sociedade justa, fraterna e não violenta.
“A violência
não é aceitável sob nenhum ponto de vista. A violência é um mal e é contrária à
lei de Deus. Por isso mesmo, todos nós, filhos da Igreja, somos chamados a
superar um clima de violência que se instalou. Qualquer tipo de violência clama
aos céus”, continuou o Cardeal.
O Arcebispo
lembrou também que a Bíblia mostra Deus como defensor daqueles que são
injustiçados, violentados, e todos que estão do lado de Deus devem estar ao
lado de quem sofre violência. “A manutenção de um estado social, de uma
situação econômica que obriga muitos a viverem na miséria é também uma
violência instituída, contra a qual nós devemos lutar, para instaurar, sim, de
muitas formas, uma sociedade justa, fraterna, honesta, com políticas públicas
voltadas para as situações que são geradoras de violência”.
Outro aspecto
sobre o qual o Cardeal insistiu foi a necessidade de uma educação para a paz.
“A violência necessita de educação para a não violência. Educação para
valores fundamentais, como o respeito ao próximo, a honestidade, a dignidade no
trato com as pessoas, a justiça, a vida de cada pessoa. Se não estivermos muito
convencidos disso, podemos estar participando da onda da violência”, afirmou.
O tema da CF
foi apresentado também por Márcia Matias de Castro, representante da equipe da
Campanha da Fraternidade da Arquidiocese, antes do início da celebração. Márcia
lembrou que um dos objetivos da CF é o de “apoiar as organizações da sociedade
civil que trabalham na superação da violência”. No texto lido por ela,
recordou- -se que “o Brasil é uma sociedade injusta e desigual e pratica uma
forma de fazer política que torna as pessoas descartáveis”.
JEJUM, ESMOLA E ORAÇÃO
Sobre os
exercícios quaresmais, o Cardeal sugeriu aos fiéis que vivam o jejum, a esmola
e a oração, revendo as atitudes de acordo com o tema da Campanha.
“Que por meio
dos exercícios da Quaresma, do jejum, da esmola e da oração, possamos colher o
fruto de uma sociedade melhor, mais reconciliada e pacificada. Façamos o jejum
daquela conversa que incita a violência, da palavra injuriosa, da vontade de
brigar e de tudo aquilo que nos faz ser levados por nossas paixões. Com a
prática da esmola, possamos ajudar o próximo a sair de sua situação de
necessidade, e que a oração nos leve a buscar a Deus acima de tudo”, disse o
Arcebispo.
Sínodo será ‘uma especial graça de Deus para nossa
Igreja’
O Cardeal Odilo Pedro Scherer,
Arcebispo de São Paulo, realizou, no dia 15, o tradicional encontro com o clero
arquidiocesano que marca o início do ano pastoral na Arquidiocese. Além de ser
a oportunidade de diálogo do Arcebispo com clero, o encontro teve o objetivo de
destacar os principais assuntos da vida da Igreja em 2018, como o Ano Nacional
do Laicato, a Campanha da Fraternidade, a postura nas eleições, as próximas
assembleias do sínodo dos bispos e, com maior acento, a etapa do sínodo arquidiocesano
nas paróquias.
O evento, realizado no Colégio
Agostiniano Mendel, no Tatuapé, na zona Leste, reuniu os bispos auxiliares,
párocos, administradores, vigários paroquiais, padres e diáconos coordenadores
de pastorais ou que desempenham funções nos organismos da Cúria Metropolitana.
Na ocasião, o Cardeal também acolheu os padres recém-ordenados e os sacerdotes
de congregações religiosas que chegaram recentemente à Arquidiocese para
desempenharem novas funções.
CAMINHO SINODAL
Dom Odilo reforçou o apelo aos padres
a se envolverem nos trabalhos do sínodo arquidiocesano nas paróquias, que serão
abertos oficialmente no dia 24. “[O sínodo] é uma espécie de ‘mutirão
eclesial’, em que todos os membros da nossa Igreja particular estão convocados
a fazer um esforço compartilhado para buscar o maior bem da vida e da missão da
nossa Igreja”.
“Nossa Arquidiocese tem feito seus
Planos de Pastoral, traduzindo em prioridades e urgências pastorais aquilo que
temos a fazer em nossa Igreja particular. Tudo isso, porém, pode ficar ‘letra
morta’ e sem efeito se não chegar, efetivamente, às bases do povo de Deus e não
houver uma verdadeira ‘conversão’ de nossa mentalidade e cultura pastoral”,
acrescentou o Arcebispo.
O Cardeal explicou, ainda, que, no
caminho sinodal nas paróquias, o povo deverá ser estimulado a fazer reuniões
mensais em grupos, entre março e novembro, seguindo o roteiro preparado pela
Comissão de Coordenação Geral do sínodo e já entregue às paróquias.
Entre julho e agosto, será feito um
levantamento sobre a realidade religiosa e pastoral, feito por voluntários que
sairão a campo em busca desses dados, a partir de questões que estão sendo
preparadas pela Comissão de Coordenação Geral do sínodo. Um outro levantamento
será pedido aos párocos e administradores paroquiais, com base nos dados
verificáveis da realidade paroquial (habitantes, organização pastoral,
participação do povo na vida sacramentária etc). Todas essas informações
servirão de base para a realização das assembleias paroquiais do sínodo,
previstas para acontecerem entre outubro e novembro.
“O sínodo arquidiocesano vai dar
bastante trabalho; mas tenho a certeza de que será uma especial graça de Deus
para nossa Igreja na arquidiocese de São Paulo! Faço a todos o meu apelo de
adesão e participação! Será um ‘caminho de comunhão, conversão e renovação
missionária’ para cada uma de nossas comunidades e para toda a nossa
Arquidiocese!”, enfatizou o Arcebispo.
JUVENTUDE E AMAZÔNIA
Dentre as questões importantes para a
Igreja no mundo, Dom Odilo destacou a Assembleia do Sínodo dos Bispos, de
outubro, no Vaticano, sobre “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
Nesse contexto, ele recordou que falta pouco menos de um ano para a Jornada
Mundial da Juventude no Panamá, cujas inscrições já estão abertas. “Como vai a
preparação para enviar e acompanhar jovens ao Panamá? As paróquias, movimentos,
pastorais devem iniciar logo”, orientou o Cardeal.
Também começou a preparação para o
Sínodo dos Bispos sobre a Pan-Amazônia, marcado para outubro de 2019. “A
atenção do mundo e da Igreja está voltada para a Amazônia, que é um bem para os
povos que nela vivem, mas também para toda a humanidade”, afirmou Dom Odilo,
reforçando que a Arquidiocese de São Paulo precisa aumentar a sua participação
na obra evangelizadora da Igreja na Amazônia. “Temos um padre a serviço da
Diocese de Castanhal (AM) e é nossa intenção firmar, neste ano, um convênio de
Igrejas-irmãs com aquela Diocese”, informou.
CF 2018
Ao tratar dos destaques na Igreja em
âmbito nacional, o Cardeal Scherer chamou a atenção para a Campanha da
Fraternidade 2018, que tem como tema “Fraternidade e superação da
violência”.
“Aproveitemos essa ocasião para uma
tomada de consciência sobre os fatos e as formas de violência, as causas e as
possíveis vias de sua superação, que devem envolver o poder público, mas também
a sociedade como um todo”, disse.
Ainda segundo o Arcebispo, os
católicos também têm responsabilidades e propostas para a superação da
violência. “Ajudemos nossas comunidades e famílias a serem promotoras da
superação da violência mediante a educação com valores e para
comportamentos não violentos. E como cidadãos, devemos cobrar responsabilidades
de quem as tem, para que sejam promovidas políticas públicas adequadas à
superação da violência”.
ELEIÇÕES
Destacando que 2018 é ano eleitoral,
Dom Odilo afirmou que o quadro político apresenta-se ainda “muito confuso e
indefinido”.
“Vivemos uma crise de descrédito da
política e dos políticos e seria fácil cair na tentação de condenar tudo e todos,
sem termos nada para sugerir e abrir perspectivas de esperança”,
refletiu.
Sobre o papel das comunidades
eclesiais em relação à política, o Arcebispo foi enfático ao afirmar que não
cabe à Igreja fazer a opção por partido ou ideologia. “É saudável que também
nas paróquias nosso povo faça a experiência do exercício democrático, como nós
propomos para toda a sociedade. Nossas paróquias não sejam currais eleitorais
nem devemos ser agentes partidários. Isso divide o povo. Educar o povo para
fazer escolhas políticas livres e responsáveis, no respeito à diversidade de
pensamento e escolha”, manifestou.
ANO NACIONAL DO LAICATO
Chamando a atenção para o Ano Nacional
do Laicato, aberto em 26 de novembro de 2017 e que se encerrará em 25 de
novembro deste ano, Dom Odilo pediu ao clero que ajude os leigos a assumirem
sua identidade e missão, tanto na Igreja quanto na sociedade. Para o Cardeal,
além de valorizar os leigos e sua ação no interior da Igreja, confiando-lhes
ministérios e serviços, é preciso ajudá-los a também serem bons cidadãos, pais
e educadores de seus filhos, cumpridores de seus deveres cívicos e sociais.
“Que nossos leigos, com suas capacidades, sejam participativos na vida social,
cultural, política, assumindo, com seriedade, as responsabilidades sociais que
lhes competem”.
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Março de 2018
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br