Na Quarta-feira de Cinzas iniciamos os
exercícios espirituais da Quaresma.
A cerimônia de imposição das cinzas dá
início a um período espiritual muito importante para todo cristão que busca se
preparar para viver melhor e mais profundamente o Mistério Pascal, que se
reflete na Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na Igreja primitiva, variava a duração
da Quaresma, mas eventualmente começavam seis semanas (42 dias) antes da
Páscoa, isto só dava por resultado 36 dias de jejum (já que se excluem os
domingos). No século VII foram acrescentados quatro dias antes do primeiro
domingo da Quaresma, estabelecendo-se os quarenta dias de jejum (afora os
domingos), para imitar os quarenta dias de jejum do Cristo no deserto.
Hoje, na Quarta-feira de Cinzas o
cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas
usadas no Domingo de Ramos do ano anterior.
Assim, o Tempo Quaresmal é o tempo de
intensa preparação para a Páscoa. – Um período privilegiado que leva o cristão
a penetrar a fundo no sentido de sua condição de filho de Deus, destinado a uma
eternidade repleta de felicidade na Casa do Pai, pois foi resgatado pelo Sangue
de Cristo. Durante esses dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, os
cristãos dedicam-se ainda mais à reflexão e à conversão espiritual, e se
recolhem em oração e penitência, para lembrar não só os 40 dias de Jesus no
deserto como também os sofrimentos que Deus, feito homem, suportou por cada um
de nós na Cruz.
Temos a maravilhosa oportunidade de
participar das orações da Via Sacra, acompanhando o "relógio da
paixão" vivida por Jesus. O jejum é prescrito oficialmente para a
Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira da Paixão, no espírito de penitência
próprio da Quaresma: fome e sede do Deus Vivo.
A Semana Santa é um tempo de muita
graça! Começa com o Domingo de Ramos, em que se recorda a chegada de Jesus em
Jerusalém com uma procissão triunfal e o Seu sofrimento. Como no tempo de
Jesus, que entrou em Jerusalém celebrado como um rei, também nós entramos na
igreja com ramos de palmeira.
O ponto mais alto da Semana Santa é o
chamado Triduum Sacrum, em que vivenciamos os mistérios dos três dias sagrados:
na Quinta-Feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia na última Ceia e,
em função dela, a instituição do Sacerdócio Ministerial. Jesus quis dar um
sinal visível para deixar claro seu amor até o fim. Na Sexta-feira Santa
fazemos memória da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, é o único dia
no ano em que não se celebra a Santa Missa e temos a Celebração da Paixão,
preferencialmente às 15 horas, hora em que Jesus morreu, conhecida como a hora
da misericórdia.
É uma celebração antiga e tradicional
entre os católicos, trata-se de uma Celebração da Palavra especial, marcada por
cânticos e ritos e iniciada com um grande silêncio, durante o qual o sacerdote
e os auxiliares permanecem prostrados no chão. Com esse gesto inusitado, os
celebrantes expressam a ideia de que só conseguimos nos aproximar do mistério
da morte de Jesus na Cruz quando estamos em silêncio e prostrados diante d'Ele.
O Sábado Santo é marcado pelo silêncio
mórbido do sepulcro. Jesus está morto. Cristo desceu ao Reino da Morte, ao
Hades, o Reino das Sombras, a Mansão dos Mortos. Sábado à noite, celebra-se a
solene Vigília Pascal, a "Mãe de todas as Vigílias". Essa grande e
solene Missa compreende diversos momentos: a celebração da luz, em que se
abençoa e acende o Círio Pascal, que representa a Luz de Cristo ressuscitado
que brilha fulgurante no seio de sua Igreja; a meditação sobre as maravilhas
que Deus realizou desde o início pelo seu povo, em que contemplamos a história
da salvação por meio das leituras do Antigo e do Novo Testamento. É a história
do Povo de Deus que confiou em Sua Palavra e em Sua Promessa; o rito batismal e
o rito eucarístico. Com a participação na Vigília e na Liturgia do Domingo de
Páscoa, faze-os a experiência da ressurreição de Cristo em nossa vida.
Que este tempo tão especial da graça
de Deus, seja vivido por cada um de nós com muita dedicação e abertura de
coração ao Espírito Santo, que quer derramar em nós os tesouros do amor de
Deus, conquistados para nós por Cristo, o Ressuscitado que passou pela Cruz!
Padre Tiago Roney Sanci
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Março de 2018
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