Papa
e Vaticano
Consistório para a criação de
20 novos cardeais: "serviço de amor e caridade à Igreja"
O Papa Francisco presidiu, na manhã do dia 14 de fevereiro, na
Basílica Vaticana, ao Consistório Ordinário Público de 2015, durante o qual
foram criados 20 novos Cardeais, 15 Eleitores e 5 Eméritos, provenientes de 14
países.
Quatro deles contam pela primeira vez com uma sede cardinalícia: Cabo
Verde, Panamá, Tonga e Myanmar (Birmânia), o que reforça a diversidade e
universalidade do Colégio dos Cardeais.
Com a realização deste Consistório, o segundo do Pontificado do
Papa Francisco, o Colégio Cardinalício fica agora composto de 227 Cardeais, dos
quais 125 eleitores e 102 não-eleitores. Os Cardeais provenientes da Europa são
118; da América do Norte, 27; da América do Sul, 26; da América Central, 8; da
Ásia, 22; da África, 21 e da Oceania, 5.
O Santo Padre deu início à celebração do Consistório, com um
momento de oração, em silêncio, diante do altar da Confissão, sobre o túmulo do
apóstolo São Pedro
Durante a cerimônia do Consistório Público para a criação dos 20
novos Cardeais, após uma breve liturgia da Palavra, o Santo Padre fez uma
alocução aos presentes, refletindo sobre a “dignidade cardinalícia”, que não é
honorífica, como indica o próprio nome “cardeal”, que quer dizer junção
cardinal, principal.
Não se trata de algo acessório, decorativo que leva a pensar a
uma honorificência, mas de um eixo, um ponto de apoio e movimento essencial
para a vida da comunidade. Os Cardeais são incardinados na Igreja de Roma, que
“preside à assembleia universal da caridade”. A Igreja de Roma tem uma função
exemplar: presidir na caridade. Assim, toda Igreja particular é chamada a presidir
na caridade.
Aqui, o Papa, referiu-se ao “hino da caridade”, da Primeira
Carta de São Paulo aos Coríntios, que constitui a palavra-chave da celebração
deste Consistório para o ministério dos novos Cardeais e, de modo particular,
para os que, hoje, passam a fazer parte do Colégio Cardinalício:
“Quanto mais se amplia a responsabilidade dos Cardeais, a
serviço da Igreja, tanto mais se deve ampliar seus corações, dilatar-se na
medida do coração de Cristo. A “magnanimidade”, da qual fala o apóstolo Paulo,
é, em certo sentido, sinônimo de catolicidade: é amar sem limites, com gestos
concretos. Saber amar com gestos benévolos.
A “benevolência” é a intenção firme
e constante de querer sempre o bem para todos”.
Depois, São Paulo diz que a “caridade não é invejosa, não é
arrogante, não é orgulhosa”. Trata-se de um verdadeiro milagre da caridade,
porque nós, seres humanos, sentimo-nos inclinados à inveja e ao orgulho por
causa da nossa natureza ferida pelo pecado. As próprias dignidades
eclesiásticas não estão imunes desta tentação.
Outro aspecto do “hino à caridade” do Apóstolo é que a “caridade
não falta ao respeito, não procura o seu próprio interesse”. Estes dois pontos
revelam que, quem vive na caridade, se descentraliza de si mesmo. O único e
verdadeiro centro da Caridade é Cristo.
Paulo recorda ainda que a “caridade não se irrita, não leva em
conta o mal recebido”. O pastor, que vive em contato com as pessoas, não está
isento de se irritar. Mas, só a caridade nos livra do perigo de reagir
impulsivamente, dizer e fazer coisas erradas; e, sobretudo, nos livra do risco
mortal da ira em nosso interior. Isto não é aceitável para um homem de Igreja.
A caridade, acrescenta o Apóstolo Paulo, “não se alegra com a
injustiça, mas rejubila com a verdade”. Quem é chamado ao serviço de governar a
Igreja deve ter um forte sentido da justiça e ver toda e qualquer injustiça
como inaceitável, para si ou para a Igreja. Mas, ao mesmo tempo, se “rejubila
com a verdade”. O homem de Deus é aquele que vive fascinado pela verdade. O
povo de Deus deve sempre ver em nós verdadeiros homens que denunciam a
injustiça e prestam alegre serviço à verdade.
Por fim, São Paulo recorda que a “caridade tudo desculpa, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta”. Nestas quatro palavras, concluiu o Papa, encontra-se
um verdadeiro programa de vida espiritual e pastoral para os Pastores da
Igreja:
“O amor de Cristo, infundido em nossos corações pelo Espírito Santo,
permite-nos viver assim, ser assim, como pessoas capazes de perdoar sempre; dar
sempre confiança, pela sua fé em Deus; infundir sempre esperança, pela
esperança que vem de Deus. Tais pessoas sabem suportar, com paciência, todas as
situações, em união com Jesus, que suportou com amor o peso de todos os nossos
pecados”.
Ao término da sua reflexão, na cerimônia do Consistório
Ordinário Público, o Papa Francisco recordou que “Deus é amor e realiza tudo,
se formos dóceis à ação do Santo Espírito. Eis como devemos ser: “incardinados
e dóceis”.
“Quanto mais estivermos incardinados na Igreja que está em Roma, tanto mais
devemos nos tornar dóceis ao Espírito, para que a caridade possa dar forma e
sentido a tudo o que somos e fazemos. Incardinados na Igreja que preside na
caridade, dóceis ao Espírito Santo, que derrama nos nossos corações o amor de
Deus”.
O Papa concluiu sua alocução afirmando que Jesus é a Caridade
encarnada. Por isso, invocou Maria, sua Mãe, para que nos ajude a acolher a
Palavra e a seguir sempre este Caminho da caridade; que ela nos ajude, com a
sua conduta humilde e terna de mãe, porque a caridade, dom de Deus, se
desenvolve e cresce onde há humildade e ternura.
A cerimônia prosseguiu com a leitura, em latim, da fórmula de
criação, que, depois, fizeram a profissão de fé e o juramento de fidelidade e
obediência ao Papa e aos seus Sucessores; receberam o barrete cardinalício e o
anel, símbolo do amor pela Igreja.
Enfim, cada Cardeal recebeu seu título de uma igreja de Roma,
que simboliza a participação na solicitude pastoral do Papa na cidade Eterna,
bem como a bula de criação cardinalícia, momento selado por um abraço de
paz.
No final da cerimônia da criação dos 20 novos Cardeais, deu-se o
Consistório Ordinário Público, presidido pelo Bispo de Roma, para a votação de
três Causas de Canonização das seguintes beatas: Giovana Emília de Villeneuve
(França, 1811-1854), Maria de Jesus Crucificado (Palestina, 1846-1878) e Maria
Afonsina Danil Ghattas (Palestina, 1843-1927).
Na tarde do dia 14 de fevereiro, os 20 novos Cardeais recebem a
chamada “visita de cortesia”, durante a qual são cumprimentados pelos seus
convidados, em diversas salas da Residência Apostólica, no Vaticano.
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Março 2015
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SP
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