D. Amilton: “Buscarei colaborar nas reflexões e decisões
na missão da vida religiosa consagrada”
O
portal da CNBB entrevistou o bispo auxiliar de Curitiba e agora membro da
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica, dom Amilton Manoel da Silva. O prelado foi nomeado para o posto
recentemente pelo Papa Francisco e entre os novos membros da Congregação é o
único brasileiro.
Na entrevista, dom Amilton
disse que sua indicação representa a confiança e o apreço do Papa Francisco
pelo episcopado brasileiro. Prometeu que nas reuniões levará os anseios de
todos os que acreditam em uma consagração para o serviço e não de ‘poder’ ou
‘status’: “Buscarei colaborar nas reflexões e decisões pautando-me no ser e na
missão da vida religiosa consagrada, segundo os documentos conciliares”, disse.
Confira, abaixo, a
entrevista na íntegra:
O que representa para a Igreja
no Brasil essa indicação do Papa Francisco?
Em primeiro lugar
representa o apreço do Papa Francisco pelo episcopado brasileiro. Olhando o
histórico da CNBB, vemos que centenas de bispos já prestaram e prestam uma
colaboração significativa na cúria romana. Nesse serviço à Igreja, os bispos
brasileiros têm se mostrado disponíveis e deixado marcas de seriedade na missão
que lhes é confiada. Dessa forma, as nomeações tem sido uma expressão de
confiança, por parte do santo padre.
Significa também que a Igreja
continua “apostando” na vida religiosa consagrada, uma vez que sua missão
é inigualável, de gerar vida e santidade nos seus membros e em todo Corpo
Místico de Cristo, como definiu o Concílio Vaticano II (LG 44). Nesse sentido,
ela não pode se estagnar, se acomodar, ou ficar girando em torno de suas
dificuldades, pois deixará de ser profética e testemunha do reino.
Já foi dito que a história
do Brasil precisa ser contada elencando a efetiva participação da vida
religiosa consagrada, em todos os seus segmentos. De fato, somos um país
agraciado com dezenas de Congregações e Institutos, e um número elevado de
consagrados (as). Esse resultado, por um lado é gratificante, mas por outro,
nos compromete com a unidade e com ações que promovam o cuidado com a vida em
todas as suas etapas. Creio que o santo padre está atento a isso e deseja uma
continuidade evangelizadora qualitativa.
Qual é a sua expectativa em
relação ao trabalho na Comissão?
Como membro da Congregação, nomeado recentemente,
ainda não tenho claro a minha função, mas sei que estarei representando, de
modo particular, a vida religiosa consagrada do Brasil; tenho consciência que
se trata de uma grande responsabilidade. Nas reuniões, levarei os anseios de
todos os que acreditam numa consagração para o serviço e não de poder ou
status. Buscarei colaborar nas reflexões e decisões pautando-me no ser e na
missão da vida religiosa consagrada, segundo os documentos conciliares.
Minhas expectativas não se diferem dos milhares de
religiosos (as) do Brasil e do mundo, pois sou bispo religioso. Elas se cruzam
com o desejo do papa Francisco, que é jesuíta e desde o início do seu
pontificado tem apresentado essas e outras expectativas:
- Que essa Comissão indique meios que levem
as Congregações religiosas a não perderem jamais o referencial da
consagração: Jesus Cristo;
- Que ajude os consagrados (as) a investir
nos valores que dão o verdadeiro sentido à entrega: experiência de Deus,
vida comunitária e missão;
- Que alimente o ardor missionário que um
dia levou fundadores (as) a agirem com ousadia e “teimosia”, por causa do
evangelho;
- Que reacenda nos consagrados (as) a
compaixão e o serviço aos mais pobres e necessitados;
- Que favoreça a redescoberta do carisma,
da pessoa, de projetos comunitários, em sintonia com a caminhada da
Igreja, e nem tanto a “salvação” das obras.
- Que indique horizontes aos religiosos (as), uma vez que são “sentinelas do amanhã”, e devem despertar o mundo com sua alegria.
Mais do que respostas, espero que essa Comissão
suscite perguntas, não permitindo que os (as) consagrados (as) se conformem com
sua vida doada e com as seguranças que dela deriva, mas se deixem provocar
pelas novidades e apelos de Deus que emergem da sociedade atual. Pois, somente
dessa forma é que as vocações virão, e os jovens se sentirão motivados a esse
estilo de vida, entendendo que as respostas se darão na medida em que
consagrarem por inteiro, perdendo a vida para ganhá-la (cf. Mt 16,25; Mc 8,35).
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Julho de 2019
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
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