Dízimo ou partilha: Qual o modelo de Jesus?
Muito mais que uma mudança de nome, a pastoral quis entender
realmente o jeito de ser do nosso Deus: um Deus que decidiu partilhar tudo
conosco.
São Paulo numa de suas cartas relatou um hino, provavelmente
litúrgico, que já fazia parte da tradição das comunidades cristãs do início.
Nele, em outras palavras, que de propósito vou simplificar segundo uma
linguagem atual, se diz que: “Jesus não quis ficar no céu gozando a beleza da
vida de Deus, permanecendo perfeito, mas inalcançável, esplendoroso mas
distante.
Ao contrário, ele abriu mão da mordomia divina (se é que ela
existe…), para fazer-se um de nós e colocar seu “barraco” entre de nós homens.”
Tornou-se então homem, não à maneira dos atores do cinema que interpretam uma
personagem, mas tornou-se homem de verdade. Seria como alguém realmente rico,
usando uma imagem material, deixaria suas riquezas e suas mansões, para morar
numa favela. Não por acaso, Jesus nasceu num lugar pobre e improvisado.
No caso
de Cristo, foi muito mais do que deixar mordomias e riquezas materiais: o
intocável tornou-se frágil; o imortal tornou-se mortal; o amor de tudo
tornou-se o menor de todos; aquele que na sua perfeição não conhece o limite
tornou-se limitado; aquele que na sua beatitude não conhecia a dor tornou-se
sofrido; aquele que tinha como morada o céu infinito tornou-se sem morada.
Aquele que a filosofia chama de único e indivisível tornou-se Partilha.
Partilhar: “Olhar para as necessidades de“
Mt 5 e Lucas 6,20-26 e também a conversão de Zaqueu (Lc
19,1-10) nos mostram algo interessante. Fica evidente que Jesus não
proclama a pobreza em si, mas a pobreza em espírito, isto é a preocupação
com o bem comum e com a necessidade de todos. A pobreza não é
certamente o Reino de Deus. Não foi Deus a criar a pobreza, mas a injustiça dos
homens, a incapacidade de repartir o que Deus nos deu. Talvez o modelo certo de
Jesus seja em Atos 4,32-35.
São Paulo diz em 2 Coríntios 9,7 “Cada um
contribua segundo propôs no seu coração: não com tristeza, nem por
constrangimento, porque Deus ama ao que dá com alegria.”
Mateus 23,23 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o
dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais
importante na lei: a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém,
devíeis fazer, sem omitir aquelas”.
No Brasil, o dízimo voltou a ser implantado pela CNBB, na Igreja
Católica, após 1969, quando o sistema de pagamento de taxas pelos serviços
prestados pela Igreja, havia sido considerado “pastoralmente inadequado”. Por
essa sugestão, os dízimos não tinham sentido meramente monetários, mas
centravam-se em atender às necessidades das dimensões: Religiosa,
Missionária e Social (Tranformadora) assumidas pela Igreja.
O Papa Bento XVI extinguiu
o termo “dízimos” do quinto preceito da Igreja*, conforme Compêndio do
Catecismo da Igreja Católica por ele promulgado em 28 de junho de 2005 e
republicado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O Quinto Mandamento
agora é assim: “Atender às necessidades materiais da Igreja, cada qual
segundo as próprias possibilidades”.
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Dezembro 2014Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SPSite da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br