VISITAR OS ENCARCERADOS
Jesus
viveu pessoalmente a experiência da perseguição, da prisão, do julgamento e da
condenação à pena de morte. Esse sofrimento continua em um número cada vez
maior de detentos e encarcerados de nossa sociedade. Mesmo sofrendo a angústia
mortal ao ponto de suar sangue e de se sentir abandonado pelo Pai, Jesus
encontrou forças para prometer a um de seus companheiros de cruz: “Hoje estarás
comigo no paraíso”.
São Paulo exorta: ‘Recordai-vos dos encarcerados, como se
fôsseis companheiros de cárcere deles’ (Hb 13,3).
Jesus não se envergonhou de
se identificar com o encarcerado: “estava na prisão e fostes me visitar”. A
importância e atualidade dessa obra de misericórdia ficam evidentes quando nos
damos conta da multidão que vive hoje encarcerada. O número de encarcerados no
Brasil é de 607.700 (primeiro semestre de 2014). É a quarta maior população
carcerária do mundo. Se a população encarcerada continuar a crescer no mesmo
ritmo dos últimos anos, estima-se que em 2075 um em cada 10 brasileiros estará
encarcerado.
Há uma preocupação cada vez maior por segurança. Infelizmente
pouco nos preocupamos em oferecer ajuda aos detentos e, menos ainda, em
humanizar as prisões. Ao longo de dois milênios a prática da visita aos
encarcerados nunca se interrompeu. O nome “penitenciária” sugere penitência, e
é justo que ele seja um lugar para tal. Mas a penitência está sempre associada
ao perdão. Mesmo que o processo jurídico tenha seu curso, é preciso que o
perdão nunca esteja ausente da imposição e do cumprimento da pena.
Uma
sociedade em que o perdão diminui está condenada a viver altas taxas de vingança
e de crueldade. A visita aos encarcerados não suprime nem culpa nem punição,
mas pode tocar o coração de quem sofre justa punição. A visita ajuda o cárcere
a ser menos desumano e a se tornar um lugar de mudança do coração. Muitos não
podem ou não conseguem visitar os cárceres. Podem, porém, usar a criatividade
da misericórdia. Por exemplo, a proximidade e a ajuda aos familiares dos
encarcerados são de extraordinária eficácia e revela sublime delicadeza.
Outra
prática criativa é a de escrever aos encarcerados, dirigir-lhes palavras de
conforto, de encorajamento na superação da pena e de sincera solidariedade. Há
testemunhos belíssimos de pessoas que ajudaram encarcerados mantendo uma
correspondência com eles. Uma das necessidades nunca atendida pelos agentes da
Pastoral carcerária é a distribuição de Bíblias a tantos encarcerados que
gostariam de ter a sua própria. Que tal, doar uma Bíblia a um encarcerado,
acompanhada de uma cartinha de encorajamento e de compromisso de oração?
Como
gesto concreto do Jubileu da Misericórdia, estamos fazendo uma campanha de
doação de bíblias aos encarcerados. Convido-o a participar desse mutirão da
Misericórdia.
Por fim, gostaria de convidá-lo(la) à oração: quando passar
diante de uma penitenciária, do mesmo modo quando você passa diante de uma
igreja, lembre-se que lá está presente Jesus, eleve o coração a Deus e
interceda por todos os irmãos e irmãs privados de liberdade. Reze também pelos
seus familiares e pelos agentes penitenciários. Todos eles muito necessitam de
nossas preces.
Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso!
Dom Julio Endi
Akamine, SAC Bispo Auxiliar de São Paulo Vigário Episcopal Região Lapa
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Setembro de 2016Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SPSite da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br