A Igreja (Ekklesía), no sentido cristão, existe em função da
missão que recebeu de Jesus Cristo. Mas qual é o sentido original do termo
Missão? Aqui é decisiva a influência do latim e do grego. Missão, do termo
latino MISSIO, o substantivo “missão” provém do verbo latino MITTERE,
que significa “enviar”. Requer a ação de pelo menos duas pessoas: uma que envia
e a outra que é enviada.
Pode significar enviar um objeto (um presente, uma mensagem). Mas o que
nos interessa aqui é o envio de alguém por um outro alguém, para uma tarefa a
ser realizada em nome de quem enviou. São Paulo diz que, na fé, quem é enviado
é um “ministro de Jesus”, pois quem envia é o próprio Senhor Jesus. E alguém
que é enviado por Ele, realiza um Serviço em nome dele, como se Jesus,
pessoalmente, o realizasse.
Recordemos, a partir do significado de Ekklesia, que Jesus
reúne seu povo na fé e lhe dá as suas orientações por meio da Palavra e o
alimenta com o seu próprio corpo e sangue. Com seu povo de eleitos (Klétoi),
ele presta o culto verdadeiro e definitivo ao Pai: “Por Cristo, com Cristo e
em Cristo, a vós Deus Pai todo poderoso…”. E a este povo ele confia uma
missão (Missio): “Ide, fazei discípulos…; Batizai-os…; Ensinai tudo o
que vos ensinei…”. É o anunciar a Boa Nova, a Boa Notícia. É o fazer
discípulos… Aos poucos, Jesus e, depois, a Igreja, vão complementando o
conteúdo da missão: vocação, dons, ministérios, funções, serviços vários,
engajamento em nome da fé na luta por um mundo justo, solidário e fraterno…
O Novo Testamento nos revela que a missão, primeira e principal da
Igreja, é EVANGELIZAR. Em grego, o verbo euangelizesthai,
significa anunciar a boa notícia. Quem faz o anúncio de uma boa notícia é euangelos,
isto é, mensageiro. E “evangelho” vem de euangelion (eu= boa,
bom; angelia: notícia, comunicado). E a boa, a maior e mais
importante notícia do mundo é que “Deus é nosso Pai-Mãe, nos ama, nos dá seu
Filho único, Jesus Cristo, para a nossa salvação e nos confia a tarefa de, com
seu Filho, estender, neste mundo, o seu Reinado de amor. Na verdade, em Jesus
Cristo está todo o sentido de Evangelizar. Ele é a Boa Notícia, a encarnação do
Reino de Deus, na expressão grega `Basileía tou Theou’”.
Evangelizar é tarefa do EUANGELOS, o mensageiro, ou do KERUX,
o anunciador, o arauto. Mas, com um sentido cristão quanto a quem envia e
quanto ao conteúdo do anúncio, à dinâmica de como anunciar e à vivência do
anunciador. Evangelizar, foi se enriquecendo ao longo do Novo Testamento,
passando a incluir três grandes realidades: a) PROPOR com
entusiasmo (“èn-thèos”, cheio de Deus) e com dinamismo (“dynamis”,
com a força do Espírito Santo); b) a JESUS CRISTO (pessoa,
mensagem e missão), a Boa Nova do Pai; c) visando a CONVERSÃO (a
“metanoia” – mudança radical de vida), isto é, adesão pessoal, livre e plena a
Jesus Cristo (de modo consciente, esclarecido, generoso e coerente).
A conversão envolve o todo da pessoa, especialmente, o AFETO (as
pulsões do amar, do ter e do ser livre); o CONHECIMENTO (experiência,
razão e inteligência) e o COMPORTAMENTO (vontade, atitudes,
ações), impulsionando-a a caminhar rumo à maturidade da fé. Se a catequese é
parte essencial da missão da Igreja, o/a Catequista é por excelência,
evangelizador, o comunicador, o arauto, o ministro de Jesus Cristo. Esta
afirmação requer posterior explicação quanto ao sentido de Catequese e quanto à
Missão específica do(a) Catequista, na Igreja e no mundo.
Por Irmão Nery, fsc (via Catequese do Brasil)
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Outubro de 2018
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