Na Lituânia, Papa Francisco critica países que
'expulsam os outros' e elogia tolerância.
Recém-chegado a Vilnius, No dia 22 de setembro, na
primeira etapa de uma viagem de quatro dias pelos países bálticos, o papa
Francisco criticou – sem nomeá-los diretamente – os países que "expulsam
os outros", em referência à chegada de migrantes à Europa.
Em seu discurso, Francisco apontou a Lituânia, de
maioria católica, como exemplo para a comunidade internacional e para a União
Europeia (UE).
Pronunciadas no leste europeu, suas declarações
pareciam estar dirigidas, sobretudo, para o grupo de Visegrado (Polônia,
Hungria, República Tcheca e Eslováquia), cujas autoridades não quiseram acolher
em seu território os refugiados e migrantes econômicos procedentes, em massa,
de Grécia e Itália.
Ao falar para as autoridades lituanas e para o
corpo diplomático, Francisco se referiu às "vozes que semeiam divisão e
enfrentamento", instrumentalizando a insegurança, ou os conflitos, ou que
"pregam que a única maneira possível de garantir a segurança e a
subsistência de uma cultura nasce, buscando eliminar, cancelar, ou expulsar as
outras".
Nesse sentido, acrescentou: "vocês, lituanos,
têm uma palavra autóctone a contribuir: 'abrigar as diferenças'. Por meio do
diálogo, da abertura e da compreensão, estas podem se transformar em uma ponte
de união entre o leste e o ocidente europeu".
"Este pode ser o fruto de uma história madura,
que, como povo, vocês oferecem à comunidade internacional e, em particular, a
União Europeia", afirmou o papa.
O sumo pontífice também se referiu a um dos principais
problemas dos países bálticos, a emigração dos jovens, e convidou os lituanos a
"prestarem especial atenção aos mais jovens, que não são apenas o futuro,
mas o presente dessa nação, sempre e desde que permaneçam unidos às raízes do
povo".
Com os jovens
Junto com os demais países bálticos, a Lituânia
experimentou um rápido crescimento econômico, o que também levou ao
aparecimento das desigualdades sociais, do alcoolismo e, sobretudo, do desejo de
emigrar de gerações inteiras de jovens.
Com 3,2 milhões de habitantes, já perdeu um quarto
de sua população, um efluxo contínuo ameaçador para seu futuro.
Ao receber o papa, a presidente Dalia Grybauskaite
lhe agradeceu pela visita ao país no ano do centenário de sua independência.
Ela lembrou que o Vaticano, um dos primeiros a reconhecerem o Estado lituano,
nunca aceitou a ocupação por parte da URSS - "uma promessa de liberdade e
uma esperança que se viram satisfeitas".
No domingo, o papa visitou o Museu da Ocupação e da
Liberdade Religiosa para comemorar, junto com a comunidade judaica, o 75º
aniversário do fechamento do gueto de Vilnius. O local representou o extermínio
de quase todos os judeus da cidade.
Até 1940, moravam na Lituânia mais de 200 mil judeus,
e Vilnius era conhecida como a "Jerusalém do norte". Os judeus foram
exterminados durante a ocupação nazista entre 1941 e 1944.
Na segunda-feira, o papa seguiu para a Letônia,
país de maioria protestante. Na terça, viaja para a Estônia, considerado o mais
ateu do mundo.
Papa homenageia judeus exterminados por nazistas na Lituânia
Pontífice diz que é necessário agir contra qualquer ‘sopro’ de
antissemitismo
KAUNAS, Lituânia - O Papa Francisco lembrou neste domingo diante de 100 mil fiéis católicos o extermínio dos judeus da Lituânia, cometido pelos nazistas, 75 anos depois do fim do gueto de Vilnius, e convocou as novas gerações a não cederem a “cantos de sereia” similares.
- Há 75 anos, esta nação presenciava a destruição definitiva do gueto de
Vilnius. Assim, tinha fim a aniquilação de milhares de hebreus, que já havia
começado dois anos antes - lembrou o Papa, em tom grave, antes da oração do
Ângelus, em um parque de Kaunas, a segunda maior cidade do país.
No segundo dia de sua viagem pelos países bálticos, o Sumo Pontífice pediu o “o dom do discernimento. Depois da oração do Ângelus, Francisco disse que iria rezar à tarde diante do monumento às vítimas do gueto de Vilnius, a capital do país.
- Penso, nesses últimos dias, particularmente na comunidade judaica -
acrescentou.
Pouco antes, em outra missa que reuniu uma multidão, o Papa também
evocou os sofrimentos da população, sob o jugo, primeiramente, dos nazistas e,
depois, do regime soviético.
- As gerações passadas terão deixado gravado a fogo o tempo da ocupação,
a angústia dos que eram levados, a incerteza dos que não voltavam, a vergonha
da delação, da traição - afirmou. - Kaunas sabe disso. A Lituânia inteira pode
testemunhar com um calafrio diante da simples menção da Sibéria, ou dos guetos
de Vilnius e de Kaunas.
No mesmo momento, cerca de 20 judeus reunidos na sinagoga de Vilnius, a
centenas de quilômetros, enumeravam com tristeza o nome de alguns sobreviventes
do gueto, onde morreram 70 mil pessoas.
Relatos de atos antissemitas aumentaram na Europa, coincidindo com a
ocorrência e o aumento de partidos populistas de extrema direita. Em maio, a
Alemanha reportou 1.504 ofensas antissemitas em 2017, após 1.468 em 2016.
No mês passado, milhares de alemães vestindo chapéus de esqueletos
participaram de protestos em apoio à comunidade judaica.
A França foi chocada em março pelo assassinato de um sobrevivente do
holocausto em um ataque supostamente antissemita, e o principal partido de
oposição britânico, o Trabalhista, está envolvido em uma disputa relacionada ao
antissemitismo.
Mais de 200 mil judeus lituanos foram assassinados pelos nazistas, que
foram auxiliados por parte da população local. A comunidade judaica do país
hoje se restringe a 3 mil pessoas.
Na tarde deste domingo, Francisco visitou ainda o Museu de Ocupações e
Lutas pela Liberdade, uma ex-prisão soviética da KGB em Vilnius, onde centenas
de pessoas foram assassinadas e de onde milhares, incluindo muitos padres,
foram deportados para a Sibéria.
Continuando sua viagem pelos países do Báltico, em Riga o Pontífice deve
homenagear os heróis da independência da Letônia no Monumento à Liberdade, e
dirigir um serviço ecumênico na catedral luterana da cidade.
Já em Tallinn, na Estônia, ele celebrará uma missa na Praça da
Liberdade, onde ocorriam antigos desfiles militares soviéticos e que hoje é
local de homenagem aos deportados pelos soviéticos.
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Outubro de 2018
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
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