O Natal é o grito de Deus que toca o silêncio
dos corações que amam a paz e a fraternidade
“Eis
que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de
Emanuel, que significa: Deus está conosco” (Mt, 1, 23).
Há poucos dias do Natal e já rodeados
de tantos sinais natalinos! Impossível passar despercebido, pois tudo fala e
canta o Natal. São sinais de festa, de luz, de bondade, de solidariedade e de
partilha, misturados à publicidade que busca proveitos próprios com este
momento. Solidariedade e partilha também em grades de programações televisivas
e de outras mídias. Sinais que podem nos distrair do grande e importante sinal
que Deus coloca diante de nossos olhos.
Conhecendo o perigo da distração de
tantos sinais midiáticos, a liturgia que celebramos no advento nos propõe o
verdadeiro sinal para se celebrar o Natal.
Um sinal diferente de todos os sinais
propostos pela mídia e pelo comércio: uma Virgem grávida (um sinal bem diferente)
que dará à luz um Menino. Um sinal estranho, que instala dúvidas na cabeça de
José e também nos deixa com interrogações, se tivermos um tempo para meditar e
refletir sobre este sinal na preparação do Natal. Um sinal que nos convida a
imitar José, na preparação deste Natal. Imitar José em sua abertura para o
acolhimento da surpresa de Deus. Sem isso, o Natal não se torna divinizado,
santificado; não passará de uma festa de fim de ano. Para se celebrar bem o
Natal é preciso estar aberto para a surpresa de Deus.
O Natal, para nós cristãos, precisa
ser mais que uma festa de fim de ano. Já ouvimos isso centenas de vezes. Para
ser mais que uma festa de fim de ano, podemos curtir os sinais natalinos que
nos envolvem, mas não podemos nos distrair com eles porque o grande e mais
importante sinal é a Virgem grávida e o Menino no presépio. É por causa dele
que neste Natal, como aconteceu com José, nos deixamos interrogar por tudo que
acontece no seio de Maria para nos tornar buscadores de Deus, buscadores do rosto
divino. É por causa dele, do rosto divino gestado no seio da Virgem Mãe, que
acreditamos na potência da vida gerada pelo Espírito de Deus. É no
recém-nascido de Belém que encontramos a presença de Deus entre nós, o Emanuel.
O Natal é um mistério grande porque
Deus passa a viver e participar diretamente na história humana. Nem todos os
homens e mulheres são capazes de compreender o significado deste Mistério e o
trocam pelo natal comercializado das festas de fim de ano. Um Mistério grande,
contudo, que não pode ser esquecido ou vivido de modo paganizado pelos
cristãos. O Natal é uma celebração que toca os sentimentos de nossos
relacionamentos sociais, aproxima famílias e fortalece amizades. Este é um
fruto daquilo que o Natal deve representar na vida de cada cristão: a presença
divina entre nós, capaz de fortalecer os relacionamentos fraternos.
Como cristãos, temos a oportunidade de
testemunhar nossa alegria interior para acolher o Menino Jesus que nasce em
Belém. Ele é uma proposta de vida nova para o mundo, é o sinal vivo da
esperança para se viver de modo mais simples e, por isso, sorvendo cada gota de
vida que nós recebemos de Deus em todos os momentos de nossas histórias. Para
nós, cristãos, testemunhar a alegria do Natal é algo sumamente importante e,
até mesmo, urgente, pois nossa vocação é iluminar a escuridão do mundo com a
luz divina; a nova luz, Jesus, que sempre volta a brilhar no Natal.
Não somos ingênuos. Sabemos que a
mensagem do Natal não será capaz de cessar as guerras ou eliminar todas as
formas de injustiças e violências que existem no mundo, provocadoras de tanto
sofrimento para inocentes. Mas, com certeza, é uma mensagem que dá novos olhos
e novas luzes para não se render ao mal e nem aos malvados que exploram a vida
do povo mais simples e indefeso; algo totalmente oposto ao projeto divino. O
Natal é o grito de Deus que toca o silêncio dos corações que amam a paz e a
fraternidade.
Desejo a todos um Santo Natal e um Ano
Novo muito abençoado!
Frei Alcimar Fioresi, OAR
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Dezembro de 2016
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
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