sábado, 6 de agosto de 2016

ENTREVISTA DO MÊS DE AGOSTO

Frei Rhuam

Neste mês especial das Vocações vamos conhecer mais de perto Frei Rhuam do Seminário Teológico Santa Mônica. A VOZ DE LOURDES fez as seguintes perguntas e ele nos respondeu por escrito.

Como surgiu o desejo de ser Religioso, ser Padre?

Sou Frei Rhuam Ferreira Rodrigues de Almeida e venho da cidade de Muqui (ES). Tenho 24 anos e sou religioso Agostiniano Recoleto. Meus pais são o senhor Valmir Rodrigues de Almeida e a senhora Dalva Maria Ferreira de Almeida. Tenho uma irmã de 18 anos, a Rhuany Ferreira Rodrigues de Almeida.

O desejo de ser padre nasceu quando ainda era criança, mas, de uma forma mais profunda quando fiz a Primeira Eucaristia, na época, com 12 anos de idade. Demostrei meu desejo quando em um dos encontros de catequese sobre o tema “vocação”. Dirigi-me à catequista, Zenaide Ramos, dizendo que desejava ser padre. Ao final do encontro, me perguntou se de fato gostaria de ir para o seminário, então entrou em contato com o então pároco, Frei Joaquim Canzian para conversar comigo e me acompanhar. Como era muito jovem, este me auxiliou espiritualmente para que cultivasse a vocação. Isso eu fiz até completar 14 anos e iniciar os encontros vocacionais com a província Santa Rita de Cássia.

Em relação à sua família, como ela acolheu sua decisão?

Sempre mantive uma relação muito aberta com meus pais e desde o início souberam de meu desejo de ser sacerdote. Meus pais, por sua vez, apoiavam-me em meu desejo, porém, um pouco desacreditados por se tratar de uma criança de 12 para 13 anos. Quando adolescente, tive experiências de namoro e trabalho, porém, não se apagava em mim o desejo de consagração. Ao iniciar os encontros vocacionais, pude trabalhar mais a fundo este desejo e conversar abertamente com meus pais sobre isso. Como disse, me apoiaram desde cedo porque sabiam que era um apelo interno e que precisava ser polido e trabalhado.

Quais os desafios de ser vocacionado à vida religiosa (consagrada), sacerdotal nos dias de hoje? O que lhe motiva?

Creio que os maiores desafios de ser vocacionado hoje são as múltiplas oportunidades que se apresentam a um jovem na atualidade e o medo das renúncias. Quando terminei o Ensino Médio, várias foram as oportunidades de seguir uma carreira bem sucedida. Mesmo que inconscientemente, os pais dizem a um filho para estudar, ganhar dinheiro e ser bem sucedido. Ao optarmos por ir ao seminário, a primeira sensação é de insegurança porque não sabemos se a escolha foi certa ou se de fato esta é a nossa vocação. Os medos precisam ser enfrentados. Uma coisa é precaução (e essa é boa), mas, o medo pode nos paralisar. Na opção vocacional, é preciso ter audácia de se lançar ao projeto de Deus e confiar Nele, de modo contrário, ficaremos com a dúvida a vida toda. Se de fato nascer do coração de Deus, bendito seja, se não, a dúvida foi extirpada e Deus nos dará a graça de recomeçarmos mais maduros. Neste caminho, o que me motiva é a paixão por Jesus Cristo e sua Igreja. Tenho consciência de que o sacerdócio não é para si, é para o outro. É mais que uma realização pessoal, é entrega! 

Por quê a escolha da Ordem dos Agostinianos Recoletos na Província de Santa Rita de Cássia, ao invés de ser Diocesano?

Como mencionei, meu contato com os Agostinianos Recoletos foi o responsável em optar em ser religioso. O protótipo SACERDOTE era o de um Agostiniano. Não tinha claro o que era padre ou frei, desejava ser sacerdote. Com o tempo, fui compreendendo o que era ser um Agostiniano Recoleto, como disse, graças ao apoio dos frades de minha paróquia. Iniciei com os Recoletos meu processo vocacional, conheci o carisma e a espiritualidade, apaixonei-me e então optei em seguir a Cristo no estilo de Santo Agostinho.

Que ano de Teologia está cursando? Quais expectativas para a Ordenação Presbiteral? Que avaliação faz de sua caminhada vocacional?

Estou cursando o TERCEIRO ano de Teologia na Universidade Salesiana (UNISAL). Sou grato a Deus, Nosso Senhor, que me permitiu chegar até aqui com o coração enamorado como naquele ano de 2012 e me faz perseverante a cada dia. Sinto que aquele sim dado ao entrar no seminário me impulsiona. Ao longo do caminho, surgem dificuldades e incertezas e essas as tenho ainda hoje. Em primeiro lugar, sou feliz em minha opção vocacional e busco viver com alegria minha consagração. Um religioso triste é um triste religioso. Nos anos de seminário tive dúvidas, crises, vontade de voltar para casa, noites de choro e dias de angústia. Como qualquer jovem, tive momentos de interrogação. É natural de qualquer pessoa. Mas o que me manteve firme nestes momentos foi minha fé, meus amigos e comunidade porque compreendi que a cruz quando compartilhada é mais leve de se carregar. Não sou o melhor dos vocacionados, mas, confio que se Deus se colocou a caminho e foi até Muqui me convidar, Ele irá me sustentar. O termômetro para minha vocação sempre foi à alegria e o brilho nos olhos. Quando me decidi sair de casa e iniciar um processo de discernimento vocacional, sabia que não seria fácil e que não estava entrando na vida religiosa por fuga. Tudo o que passei ajudou-me amadurecer e perseverar para ser um bom sacerdote. Este é o meu desejo! Até poucos anos atrás, possuía uma pressa muito grande em ordenar-me, todavia sinto forte ser sacerdote e quero isso, mas o tempo me fez compreender que este é o período de preparação e para isto me dedico a fim de abraçar o sonho de Deus para mim.

Sua Mensagem aos Jovens nesse Mês dedicado às Vocações.

Neste mês de agosto, quero dirigir-me aos jovens que sentem alguma inquietação vocacional. Por vezes, somos tentados em “correr” de Deus e de seu chamado, assim como vários profetas o fizeram, porém, o mais bonito é ver que cada um, mesmo em meio à insegurança e ao medo, responderam sim a Deus e a seu projeto. O que os sustentava era a graça de Deus e não as suas forças.

Convido a que se lancemos e abramos mão dos medos que podem nos circundar. Em toda vocação, fazemos renúncias, essas são parte de nossas escolhas. Na vida religiosa é preciso felicidade sempre.

Nesta caminhada que dura 7 anos, busco colocar na balança os ganhos e nunca as perdas. A tentação é nomear cada perda e achar que na vida religiosa somente perdemos. A passagem do Evangelho de Mateus 19, 29 que diz que “todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes mais” É UMA VERDADE CONSTATADA. Por onde passei, conquistei outra família. Se estivesse em Muqui pensando como seria a vida de seminário e não tivesse me lançado, seria hoje mais um rapaz frustrado. Conheço muitos que ainda esperam para darem seu sim. O difícil é o primeiro passo, mas, se confiamos que é Deus Quem nos sustenta, Ele o fará. Por isso, meu desejo profundo é que nos permitamos dar o primeiro passo, seja em que vocação for, e ter a coragem de responder a Deus e a nós mesmos com sinceridade.

O Jornal paroquial A VOZ DE LOURDES agradece a disponibilidade e o seu Sim Frei Rhuam.


O nosso Muito Obrigado!


Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Agosto de 2016
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SP
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