segunda-feira, 7 de outubro de 2013

COTIDIANO - OUTUBRO

“DE NOVO O MENSALÃO”

No dia 18 de setembro de 2013, nós, brasileiros, tivemos a inacreditável notícia de que haveria um novo julgamento do mensalão.

O conhecimento dessa resolução trás de volta, à memória de todos nós, os fatos vergonhosos que, de modo sucinto, descrevo a seguir:

O mensalão foi um escandaloso esquema arquitetado para comprar o apoio de deputados federais e líderes partidários.

Essa “compra” era feita através de uma mensalidade ou mesada paga aos deputados e líderes partidários para votarem a favor dos projetos de interesse do Poder Executivo.

O esquema tornou-se público após uma entrevista concedida por Roberto Jefferson que apontou o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, como o mentor do esquema.

Os réus, em busca de desculpas que justificassem à nação tanta pouca-vergonha, argumentavam que os pagamentos a políticos visavam quitar dívidas eleitorais e financiar campanhas da base aliada ao governo federal. O presidente da época, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou-se declarando que se sentia traído por tais práticas inaceitáveis, além de indignado pelas revelações que chocavam o país sobre as quais ele não tinha qualquer conhecimento (!).

Assim, sete anos após a eclosão das denúncias, teve início o maior julgamento da história da corrupção política no país e que nos levou a repensar o conceito de “quadrilha” que, até então, ao menos em minha humilde concepção, fazia menção apenas a bandos de criminosos comuns armados que assaltavam bancos e coisas assim.

Ao final do julgamento tivemos um saldo de 25 condenados, 12 absolvidos e ninguém aceitou investigar o Lula. De qualquer modo, a nação estava feliz. Era a vitória da democracia.

No entanto, no mês passado, sob um recurso denominado “embargo dos infrigentes” o Supremo Tribunal Federal decidiu, por seis votos a cinco, por um novo julgamento do mensalão.

Foi como um balde de água gelada em nossas cabeças. Nos sentimos frustrados, ofendidos e desvalidos.  Para muitos de nós, que até se permitiram sonhar com prisões espetaculares dos réus mais famosos, esse resultado foi, talvez, a confirmação de que a lei não é para todos e que, de fato, há algumas pessoas intocáveis.

Assim sendo, penso que se, após o final do novo julgamento, esse resultado se mantiver, este triste episódio de nossa história política estará mostrando aos cidadãos brasileiros honestos (e desonestos) que vale a pena ser político e “enfiar a mão” no dinheiro público para uso próprio.

Portanto, se assim de fato for, terei, tristemente, que concordar com o falecido Oscar Niemayer quando disse que: “Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião, mas sim de camburão”.

Vanusa dos Reis Coêlho Rodrigues
vanusa.coelho.rodrigues@gmail.com

(*) Graduada em Ciências Contábeis e Letras/Inglês. Especialista em Neuroaprendizagem e em Psicopedagogia Clínica e Institucional. É Personal Coach e Practitioner em Programação Neurolinguística. Possui MBA em Recursos Humanos; certificação em Mediação PEI e Curso de aperfeiçoamento em TODA e TDAH.

Jornal Online “A Voz de Lourdes” - Outubro 2013
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval Neves
Responsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa - SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br