Pastoral em tempos de Coronavírus
Arcebispo metropolitano envia carta ao clero, dando
novas orientações sobre o agir pastoral da Arquidiocese de São Paulo em tempos de
Coronavírus
“Fraternidade e vida: dom e compromisso”
Aos Bispos Auxiliares,
Todos os Padres e Diáconos da Arquidiocese de São
Paulo
Caríssimos,
Atravessamos um período difícil na saúde pública por causa do “novo Coronavírus”,
que se espalha rapidamente e pode representar um risco sério para a saúde e até
para a vida de muitas pessoas. Estou me manifestando sobre o assunto há várias semanas,
através da Rádio 9 de Julho, o Jornal O SÃO PAULO, as mídias sociais e também através
de entrevistas na grande imprensa.
Na semana passada, foi emitido e difundido um COMUNICADO da Arquidiocese
com orientações e recomendações para o clero e as comunidades católicas sobre atitudes
e posturas diante da atual crise sanitária. Houve também uma coletiva de imprensa
para informar o público mais amplo sobre o assunto. A toda hora, nossa orientação
tem sido a de seguir as recomendações das autoridades sanitárias e isso continua
valendo também agora.
Hoje, reunido com a Comissão de Coordenação do sínodo da Arquidiocese, tomamos
a decisão de suspender, por enquanto, a realização da assembleia sinodal arquidiocesana;
a comunicação sobre isso já foi feita amplamente e as pessoas convocadas ou convidadas
para participarem da assembleia já foram comunicadas pessoalmente. O portal de nossa
Arquidiocese (www.arquisp.org.br) é referência para essas informações.
Mas entendo que continuam no ar muitas perguntas dos padres sobre como levar
adiante a vida das paróquias e demais organizações da nossa Igreja neste tempo de
pandemia. É bom saber que ainda não temos respostas para todas as perguntas, pois
a crise ainda está no seu início.
Portanto, além das orientações já dadas para toda a Arquidiocese, continuemos
atentos para os próximos desenvolvimentos da crise e as eventuais novas decisões.
Esperamos que a crise possa estar superada em alguns meses, mas disso não temos
hoje a certeza. Portanto, não parece adequado que se tomem decisões de longo prazo
neste momento. Para tempos de emergência, soluções emergenciais. Vejamos algumas
questões específicas:
1. Celebrações das missas e outras atividades pastorais: as orientações já
foram dadas no comunicado da semana passada e continuam válidas. Levando em conta
a recomendação do Papa Francisco, não é tempo de fechar as igrejas e cancelar as
celebrações. Nesta hora, o povo precisa receber o conforto e a assistência religiosa.
As pessoas que fazem parte de grupos de risco sejam encorajadas a rezarem em suas
casas e podem assistir à missa através dos meios de comunicação, até que a crise
seja superada. Mas está claro que, o fato de manter as igrejas abertas não obriga
ninguém a entrar nelas.
2. Confissão e outras atividades próprias da Quaresma e Páscoa. Os Padres
continuem a atender as pessoas que os procurarem para a confissão. Padres idosos
e de saúde fragilizada tomem especiais cuidados. A confissão também seja feita com
uma certa distância entre confessor e penitente e, se for feita no confessionário,
haja o cuidado de colocar uma folha dupla de celofane na “janelinha” do confessionário,
para evitar eventual contágio. Isso deveria valer sempre, também em tempos “normais”.
3. Catequese, reuniões e eventos de massa. Cada padre veja com os catequistas
e os pais das crianças e adolescentes se é o caso de suspender temporariamente a
catequese presencial; sugere-se continuar a catequese através da internet, até que
passe a crise. Evitem-se neste tempo os eventos de massa. Cursos, encontros e assembleias,
é melhor suspender e adiar tudo isso. De toda forma, contatos físicos (saudações
com as mãos dadas, abraços...) devem ser evitados.
4. Celebrações da Semana Santa e Páscoa: Estejamos atentos aos próximos desdobramentos
da crise. Desde logo, recomendo que se cancelem as procissões do Domingo de Ramos
e de Sexta-Feira Santa. As celebrações do Tríduo Pascal, salvo fato novo que justifique
decisão diversa, sejam mantidas, tomando-se as precauções já conhecidas. A Missa
do Crisma e da renovação das promessas sacerdotais, na Quinta-Feira Santa (9/4,
9h00) na Catedral da Sé, está mantida, salvo decisão diversa da Arquidiocese. Claro
está que os sacerdotes, que fazem parte do grupo de risco, participem dela a partir
de suas casas, através das mídias e meios de comunicação.
5. O próximo retiro do clero (11 a 14 de maio) e o curso do clero em agosto
(3 a 6/8) ficam mantidos, salvo fato novo que justifique decisão diversa, a ser
devidamente comunicada, se necessário.
6. A Romaria a Aparecida, no dia 3/05, (10h) está mantida, ao menos de forma
simbólica e representativa. Seria difícil mudar a data, pois o Santuário também
tem o seu programa de romarias. Oriento que o povo seja estimulado a não ir a Aparecida
em ônibus e lotações, por causa do risco de contágio. Porém, as pessoas rezar em
suas casas, unindo-se a um grupo menor e representativo de romeiros, que irá a Aparecida
para a celebração da Missa da peregrinação anual da Arquidiocese.
Recomendo a todos que mantenhamos a calma e o bom senso, evitando toda forma
de pânico. Orientemos o povo sobre o contágio, a prevenção contra o vírus e sobre
os cuidados da saúde, seguindo indicações seguras dadas pelas autoridades sanitárias.
Olhemos para o exemplo do Papa Francisco e estejamos atentos às suas insistentes
recomendações para que o povo não fique sem o cuidado e o carinho dos pastores neste
momento de crise sanitária e de incertezas. Saibamos manter a calma, o bom senso
e o discernimento nesta hora. Evitemos de toda forma repassar “Fake-News”, para
não desorientar o povo.
Recomendo que estas orientações sirvam de referência para todos os padres
da Arquidiocese de São Paulo e que fiquem atentos a eventuais novas orientações.
Os padres, em conformidade com suas competências e com as normas da Igreja, tomem
as decisões que as situações locais requerem.
Rezemos e façamos rezar, para que Deus nos conduza neste trecho difícil do
caminho. Em tudo, procuremos discernir o que Deus nos quer dizer através dos irmãos
necessitados e das circunstâncias vividas. Esta pandemia nos dá a ocasião para viver
com maior realismo a Campanha da Fraternidade deste ano: “fraternidade e vida, dom
e compromisso”. Tenhamos o coração atento às necessidades do próximo, como fez o
Bom Samaritano da parábola: “viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.
Deus abençoe e proteja a todos! Boa saúde e boa vivência da Quaresma!
Odilo Pedro Scherer
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Abril de 2020
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br