Documento do Sínodo da Amazônia é apresentado no Vaticano
O documento emite a ideia principal de
que a sociedade amazônica precisa submeter-se a uma “conversão ecológica e
cultural” passando pelo combate ao “pecado ecológico”. O termo já foi
mencionado pelo Pontífice em sua encíclica “Laudato Si”
do ano de 2015. Durante o Sínodo, o conceito de “pecado ecológico” foi
elaborado. Afirma que o desrespeito à natureza seja visto como uma nova forma
de pecado, pois representa um desrespeito ao “Criador” e à sua obra: o planeta
Terra e todos os seres existentes.
Ordenação de homens casados
O documento do Sínodo da Amazônia
propôs um tema que está gerando polêmica: a ordenação de homens casados, em
casos específicos, para suprir a falta de padres na Amazônia. Durante as três
semanas do Sínodo, a falta de padres ficou evidente, gerando uma grande
preocupação da maioria dos bispos da região amazônica.
A proposta de ordenar homens casados
de boa reputação, os chamados “viri probati”, ganhou força ao longo dos dias.
Mesmo sendo um dos parágrafos que receberam menos votos de aprovação (128 a
favor e 41 contra), o número 111 do texto acabou passando. Eram precisos 120
votos.
No documento final, destaca-se mais
precisamente a proposta de elevar os diáconos permanentes ao nível de padres.
Os denominados diáconos são homens que possuem uma ordenação apenas em primeiro
grau e têm como função realizar serviços nas comunidades. Os diáconos podem
presidir celebrações, mas não missas e não possuem autorização para ouvir
confissão e nem realizar a unção dos enfermos.
Mulheres na Igreja
Em 2016, a pedido de um grupo de
religiosas, Francisco criou uma comissão no Vaticano para estudar o diaconato
feminino. A ideia era compreender como isso funcionava no passado, pois mesmo
que usassem o nome “diaconisas”, nem sempre eram o equivalente aos diáconos
homens.
Essa comissão terminou seu trabalho em
dezembro de 2018 sem chegar a um consenso sobre o que foi o diaconato feminino
no passado. Desde então, o tema ficou sem conclusão e o Papa deixou que os
teólogos trabalhassem de forma independente, sem a comissão.
Durante o Sínodo, os bispos da
Amazônia pediram que esse debate fosse retomado e desejam fazer parte dele. Em
apontamento, o documento concluiu que “se reconheceu o papel fundamental das
mulheres religiosas e leigas na Igreja”. “Gostaríamos de compartilhar nossas
experiências e reflexões com a Comissão e esperamos os seus resultados”, diz o
texto.
Em resumo, no discurso de encerramento
do Sínodo, Francisco prometeu reabrir a comissão sobre as mulheres diaconisas.
Indígenas
O documento do Sínodo da Amazônia
orienta a ampliação na defesa dos povos indígenas da Amazônia “mediante a
garantia legal e inviolável dos territórios que ocupam de forma tradicional”.
Dessa forma, o Sínodo pede mais mecanismos de cooperação entre os estados,
especialmente nas fronteiras.
“Em todo momento, deve-se garantir o
respeito a sua autodeterminação e à sua livre decisão sobre o tipo de relações
que queiram estabelecer com outros grupos”, diz o texto, acrescentando que a
ameaça está especialmente na “ampliação das fronteiras extrativas de recursos
naturais e no desenvolvimento de megaprojetos de infraestrutura”.
Devido a essas ameaças, os sacerdotes
sinodais propõem que a Igreja crie uma nova instituição. Uma espécie de
“observatório socioambiental pastoral” realizando um diagnóstico do território
e de seus conflitos socioambientais para que a Igreja saiba como se posicionas
diante delas.
Confira as decisões mais importantes
do documento do Sínodo da Amazônia:
· O
conceito de “pecado ecológico” como uma “ação ou omissão contra Deus, contra o
próximo, a comunidade e o ambiente” e o chamado à conversão e o cuidado da
“casa comum”, isto é, o planeta Terra.
· Promover
uma “ecologia integral como único caminho possível”. A ideia é não separar as
questões ecológicas dos problemas sociais.
· Proposta
de criação de um observatório da Igreja para denunciar problemas ambientais e
sociais, promovendo a “defesa da vida” e “defendendo os direitos dos mais
vulneráveis”.
· Pedido
de maior mobilização da comunidade internacional para destinar recursos
econômicos para a proteção da floresta e para a promoção de “um modelo de
desenvolvimento justo e solidário” na Amazônia.
· Proposta
de ordenação de homens casados nas zonas remotas da Amazônia para suprir a
falta de padres.
· Reconhecimento
do “papel fundamental das mulheres” nas comunidades da Amazônia. Um pedido para
que líderes da região possam participar da discussão sobre a implantação do
diaconato feminino.
Jornal Online “A Voz de Lourdes” – Novembro de 2019
Compilação e Edição: Sérgio Bonadiman - Revisão e Publicação: Dermeval NevesResponsabilidade: PASCOM Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Vila Hamburguesa – SP
Site da Paróquia: http://www.pnslourdes.com.br